Por David Shepardson e Bernie Woodall
NOVA YORK/DETROIT (Reuters) - A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) acusou nesta quinta-feira a Fiat Chrysler de usar ilegalmente softwares ocultos que permitiam emissões excessivas de diesel, resultado de uma investigação similar à que atingiu a Volkswagen.
A decisão da EPA afeta 104 mil caminhões e SUVs dos EUA vendidos desde 2014, cerca de um sexto dos veículos do caso da Volkswagen. A multa máxima é de cerca de 4,6 bilhões de dólares.
A EPA e a Califórnia Air Resources Board disseram à Fiat Chrysler acreditar que o software de controle de emissões da companhia permitia que veículos emitissem poluição em excesso, violando a lei.
O presidente-executivo da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, negou que a empresa tenha cometido fraude e conversou com a EPA, para quem divulgou documentos importantes.
"Não fizemos nada ilegal", disse ele. "Nunca houve qualquer intenção de criar condições para enganar os testes. Isso é um completo absurdo."
O braço americano da empresa, a FCA US, disse estar "decepcionado" com as afirmações da EPA e que seus "veículos movidos a diesel atendem a todos os requisitos regulamentares".
A EPA está revisando sistemas de emissões de outras montadoras, mas não está claro se detectou mais irregularidades. Em abril, a Daimler disse que o Departamento de Justiça dos EUA lhe pediu para investigar a certificação de emissões de veículos, incluindo a marca Mercedes.
Os reguladores disseram que a Fiat falhou em divulgar o software de gerenciamento de motores de 104 mil veículos nos EUA de 2014 a 2016 nos modelos Grand Cherokees e Dodge Ram 1500 com motores diesel de 3 litros. O software não divulgado resulta no aumento das emissões de óxidos de nitrogênio. A EPA ainda está investigando se o software constitui um "dispositivo de fraude".
A Fiat disse que vai provar para a EPA que seus controles de emissões são corretos e não tem "dispositivos de fraude". A EPA disse que encontrou ao menos oito peças de software não citadas que podem mudar como o veículo emite poluição do ar.
As ações da FCA cotadas em Milão caíram 16 por cento. As ações nos EUA foram temporariamente interrompidas, depois reabertas e caíam cerca de 12 por cento.
O anúncio da EPA vem em meio ao crescente escrutínio sobre as montadoras após a Volkswagen admitir que fraudou testes de emissões de diesel em 580 mil veículos nos EUA.
Em 2015, a EPA disse que reveria todos os veículos a diesel dos EUA após a Volkswagen admitir que instalou software para que seus carros emitissem até 40 vezes o teto de poluição permitida.
Na quarta-feira, a Volkswagen concordou em pagar 4,3 bilhões de dólares em multas criminais e civis e se declarou culpada de três crimes por enganar reguladores e vender veículos poluentes.
A Fiat Chrysler pode enfrentar multas de 44.539 dólares por veículo se for provado que violou regras de emissão. Reguladores europeus também levantaram questões sobre a Fiat Chrysler.
(Reportagem de David Shepardson)