Por Sandor Peto e Krisztina Than
BUDAPESTE (Reuters) - Uma longa fila de ônibus lotados com imigrantes partiu de Budapeste com destino à Áustria no sábado (horário local), depois que a Hungria cedeu a uma multidão determinada, incluindo muitos sírios, que havia partido a pé para a Europa ocidental em desafio a um governo de direita que prometeu conter o fluxo de refugiados.
A estação de trem de Keleti, em Budapeste, era há dias um acampamento de imigrantes impedidos de seguir viagem em trens rumo à Áustria e à Alemanha. Agora, foi rapidamente esvaziada conforme famílias sorridentes embarcavam em uma enorme fila de ônibus, deixando para trás sapatos espalhados, roupas e colchões.
O governo afirmou que forneceria cerca de 100 ônibus para recolher os imigrantes em Budapeste e outros 1.200 que optaram por caminhar pela principal estrada até Viena, liderados por um refugiado sírio cantando "Alemanha, Alemanha!".
A Áustria disse que os imigrantes terão permissão para entrar em seu território, independentemente das regras atuais da União Europeia, que exigem que os refugiados permaneçam no primeiro país de entrada no bloco.
"Por causa da situação de emergência de hoje na fronteira húngara, a Áustria e a Alemanha concordam, neste caso, que os refugiados continuem a viagem", disse o chanceler austríaco, Werner Faymann, em sua página no Facebook.
O governo húngaro citou preocupações de segurança para a decisão de levar os imigrantes embora, depois de dias de trens cancelados e confrontos com tropas de choque que impediam a passagem dos refugiados.
Mas o governo pareceu admitir ter perdido o controle diante de uma multidão determinada a chegar à Europa ocidental depois de ter fugido da guerra e da pobreza no Oriente Médio, na África e na Ásia.
Centenas fugiram de um acampamento superlotado na fronteira com a Sérvia nesta sexta-feira. Outros escaparam de um trem retido e percorreram os trilhos da ferrovia, enquanto que outros decidiram seguir a pé.
"Eles nos disseram que o ônibus está indo para a fronteira com a Áustria", afirmou Ahmed, do Afeganistão. "Eu realmente não sei se isso é verdade ou mentira. Se for verdade, ótimo... Se for verdade, vitória. Talvez possamos encontrar uma maneira agora."
A Cruz Vermelha da Áustria informou que espera que entre 800 a 1.500 pessoas cheguem ao seu centro de acolhimento de refugiados em Nickelsdorf, na fronteira húngara, de madrugada.
A Hungria cancelou por vários dias trens com destino à Áustria e à Alemanha, alegando ser obrigada, sob as leis europeias, a registrar todos os requerentes de asilo, que deveriam permanecer lá até que seus pedidos fossem processados.
(Reportagem adicional de Shadia Nasralla, em Alpbach, na Áustria; e de Karin Strohecker, em Viena)