Por Jennifer Rigby
LONDRES (Reuters) - Vacinar crianças que não tomaram vacina contra o sarampo durante a pandemia de Covid-19 é fundamental, disse uma autoridade sênior da Organização Mundial de Saúde nesta terça-feira, num momento em que surtos da doença infecciosa crescem pelo mundo.
Mais de 50 países tiveram surtos "grandes e disruptivos" de sarampo no ano passado, o dobro em relação a 2022, disse Kate O’Brien, diretora de imunização da OMS em uma entrevista coletiva virtual.
Sarampo é uma doença viral muito contagiosa que causa sintomas similares aos da gripe e irritação na pele. É potencialmente fatal, mas pode ser evitada com duas doses de vacina.
A Covid-19 atrapalhou imensamente as mobilizações rotineiras de vacinação no mundo todo e cerca de 60 milhões de crianças não receberam suas doses durante esse período, afirmou O’Brien.
Segundo ela, esforços para tirar o atraso são "realmente cruciais".
"Agora é uma corrida para descobrir se as atividades para tirar o atraso podem ocorrer com rapidez suficiente ou se os surtos continuarão a crescer", disse.
Especialistas da OMS também apoiaram novas formas de utilização de vacinas existentes para combater surtos de outras doenças, incluindo o uso da vacina contra varíola, produzida pela Bavarian Nordic (BAVA.CO), para crianças sob risco em países africanos.
Também recomendaram o uso da vacina contra a hepatite E para todas as mulheres em idade fértil em conflitos e outros ambientes de emergência. Transmitida principalmente pela água contaminada, a infecção pode ser particularmente perigosa para mulheres grávidas.
A presidente do comitê de especialistas em vacinas da OMS, Hanna Nohynek, disse na coletiva de imprensa que o foco nos surtos era um sinal de que "a normalidade está começando a ser a convivência com os surtos... isso é um pouco alarmante".
(Reportagem de Jennifer Rigby)