SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, abriu nesta segunda-feira a possibilidade de discutir a taxação sobre grandes fortunas ao mesmo tempo que defendeu que parte da dívida dos Estados com a União possa ser revertida em investimentos.
"Acho que pode haver uma revisão da taxação atual", disse Aécio ao ser questionado se é favorável a um imposto sobre grandes fortunas, durante sabatina no portal G1.
Sobre as dívidas dos Estados, o tucano criticou a decisão tomada pelo Executivo no início deste ano de não levar adiante no Congresso a votação da mudança de seus indexadores.
Ele reconheceu que a dívida de Minas Gerais cresceu durante seu governo, mas justificou isso apontando como culpado o indexador atual --o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI)-- e afirmando que a dívida cresceu em todas as unidades da Federação pelo mesmo motivo.
"Nenhum Estado consegue mais fazer os investimentos básicos, necessários para a retomada do seu crescimento", disse.
"Eu defendo, inclusive, que uma parcela do que se paga à União seja utilizada para os investimentos em áreas definidas junto ao governo federal, como por exemplo a infraestrutura, para que os Estados voltem a crescer."
Aécio prometeu que vai enviar nos primeiros dias de um governo seu uma proposta de "simplificação do sistema tributário" ao Congresso Nacional, ao mesmo tempo que reconheceu que uma redução da carga tributária precisaria de mais tempo.
"Só vamos ter espaço para diminuição da carga tributária no momento em que encaixarmos o crescimento dos gastos correntes dentro dos gastos da própria economia", disse o tucano quando indagado sobre redução de impostos, afirmando que é necessário ser "realista" nesta questão.
Ele negou ter proposto corte de gastos, mas sim "qualificar os gastos".
"A simplificação do sistema tributário nós podemos propor ao Congresso Nacional nos primeiros dias do governo", acrescentou. "A primeira proposta a ser enviada ao Congresso Nacional será a simplificação."
Aécio voltou a bater na condução da economia pela presidente Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, e disse que vai reduzir o atual número de ministério à cerca da metade, se for eleito, além de extinguir cerca de um terço dos cargos de livre nomeação existentes.
Ele se propôs a governar o país com "mais ou menos 23 ministérios" contra os atuais 39, acrescentando que "estamos estudando a criação de um forte Ministério da Infraestrutura".
Segundo o tucano, o governo Dilma deixará a seu sucessor a "herança" de um quadro de estagflação na economia, com baixo ou inexistente crescimento econômico e inflação alta.
"A nossa eleição vai criar um ambiente de segurança jurídica que vai permitir a retomada dos investimentos, e os investimentos serão fundamentais para a retomada do crescimento", disse.
(Por Eduardo Simões)