Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - Em reunião com presidentes dos partidos que compõem a aliança para a disputa da reeleição, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que a nova candidata do PSB, Marina Silva, é a preferida do sistema financeiro e acredita que as duas disputarão o segundo turno.
Os aliados se dividiram na avaliação do novo quadro eleitoral, mas a maioria deles concordou com o diagnóstico de Dilma de que Marina será a concorrente do segundo turno, avaliando que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, está vendo seu eleitorado migrar para a candidata do PSB.
"A percepção dela é que a Marina é a candidata escolhida pelo mercado financeiro, principalmente pela defesa da autonomia do Banco Central. Ela (Dilma) acha que a Marina tomou o lugar do Aécio Neves (nesse segmento)", disse à Reuters o presidente do PDT, Carlos Lupi.
"Ela acha que o Aécio está desmanchando e acredita que vai enfrentar a Marina (num eventual segundo turno)", acrescentou.
Pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta quarta-feira, mostrou Dilma com 34,2 por cento das intenções de voto, seguida de Marina com 28,2 por cento e Aécio com apenas 16 por cento. [nL1N0QX103]
Na véspera, sondagem do Ibope mostrou quadro semelhante, com Dilma somando 34 por cento das intenções de voto, Marina com 29 por cento e Aécio com 19 por cento. Em ambas as pesquisas, num segundo turno entre Dilma e Marina, a ex-senadora sairia vencedora. [nL1N0QX03S]
O presidente do PT, Rui Falcão, evitou comentar detalhes da reunião com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada. Afirmou apenas que o encontro serviu para analisar o cenário político e avaliar o debate entre os candidatos na Band na terça-feira.
"Nossa avaliação é que a presidente Dilma se saiu melhor que os adversários", disse Falcão, acrescentando que os demais candidatos participaram de um "conluio" para atacar o governo e Dilma.
Apesar da avaliação de Dilma sobre a possibilidade de enfrentar Marina no segundo turno, Lupi disse que ele e outros participantes da reunião discordaram e acreditam que a candidata do PSB ainda vai perder força nos próximos dias.
"Eu, o Rui, o (Aloizio) Mercadante (ministra da Casa Civil) e o Renato (Rabelo, presidente do PCdoB) achamos que não, que a Marina vai desidratar", contou Lupi.
SEM GRANDES MUDANÇAS
Apesar do novo cenário eleitoral, os aliados não apontaram para grandes mudanças na estratégia da campanha, segundo Lupi.
Ele afirmou, entretanto, que falou para presidente mesclar no programa de TV a apresentação das conquistas do governo com propostas para o futuro.
"Eu sugeri que deveria haver mais propostas para o futuro. Ela gostou da sugestão, disse que já estava estudando novas propostas, mas não revelou quais", comentou o pedetista.
"O povo tem que saber o que já conquistou, mas quer saber o que ainda pode conquistar", argumentou Lupi.
Lupi afirmou que os partidos aliados avaliaram que a presidente não deve atacar Marina, porque Aécio terá que fazer isso no primeiro momento.
"Ela (Dilma) deve responder aos ataques, mas não deve assumir uma postura de atacar a Marina", disse ele.