Por Giulia Paravicini
ADIS ABEBA (Reuters) - Os militares da Etiópia derrotaram forças locais no oeste do Estado de Tigré, disse o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, nesta quinta-feira, acusando seus inimigos de atrocidades durante uma semana de combates que ameaçam desestabilizar o Chifre da África.
Ataques aéreos e combates terrestres mataram centenas, empurraram levas de refugiados ao Sudão, atiçaram divisões étnicas etiopes e provocaram dúvidas sobre as credenciais de Abiy, líder africano mais jovem agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2019.
"A região ocidental de Tigré foi libertada", tuitou Abiy, de 44 anos, que pertence aos oromos, o maior grupo étnico do país, e já lutou com os habitantes de Tigré contra a vizinha Eritreia.
"O Exército agora está providenciando assistência e serviços humanitários. Ele também está alimentando o povo", acrescentou.
Como as comunicações não estão funcionando e a mídia foi barrada, uma verificação independente da situação atual do conflito era impossível.
A Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), que comanda o Estado montanhoso de cinco milhões de habitantes do norte, anunciou um estado de emergência local contra o que classificou como uma "invasão de intrusos".
Abiy acusa o TPLF de ter iniciado o conflito ao atacar uma base militar federal e desafiar sua autoridade, enquanto os habitantes de Tigré se dizem perseguidos durante seu governo de dois anos.
(Por Giulia Paravicini em Adis Abeba, Khalid Abdelaziz em Cartum e Nazanine Moshiri em Nairóbi)