CABUL (Reuters) - Os candidatos adversários na confusa eleição do Afeganistão para um novo presidente finalmente chegaram a um acordo de divisão de poder, disseram assessores, após mais de dois meses de tensão devido a uma eleição em que cada lado acusou o outro de fraude.
A crise desestabilizou ainda mais o Afeganistão no momento em que a coalizão militar liderada pelos Estados Unidos se prepara para retirar a maior parte das tropas no final do ano, deixando as forças afegãs para lutar contra a insurgência Taliban.
Equipes de ambos os lados se encontraram com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para tentar finalizar um acordo de divisão de poderes antes do anúncio marcado para domingo do resultado final da eleição após auditoria e recontagem monitorada pela ONU.
"Ambos os lados concordaram 100 por cento com tudo e vamos assinar um acordo amanhã. Tudo foi rubricado e não há desacordo com nada", disse Faizullah Zaki, porta-voz do candidato que lidera a disputa e ex-ministro das Finanças, Ashraf Ghani.
Mujib Rahimi, porta-voz de Abdullah, ex-ministro das Relações Exteriores, também confirmou que um acordo foi finalmente fechado, mas não deu detalhes.
Aimal Faizi, porta-voz do presidente Hamid Karzai, disse que o acordo será formalmente assinado no domingo, em uma cerimônia com Karzai.
Resultados preliminares divulgados em julho colocaram Ghani à frente com 56 por cento dos votos, provocando protestos nas ruas de defensores de Abdullah, que alegaram fraude e disseram que ele era o vencedor.
A disputa acabou com as esperanças de uma transição democrática tranquila para substituir Karzai, que detém o poder desde que o governo linha-dura islamista do Taliban foi derrubado em 2001 com apoio militar dos EUA.
(Por Kay Johnson e Mirwais Harooni)