Por Andrew Goudsward
FORT PIERCE, Flórida (Reuters) - Os advogados de Donald Trump pediram a uma juíza federal nesta terça-feira que não trate o ex-presidente norte-americano da mesma forma que outros réus criminais ao definir o prazo para seu julgamento por acusações de manuseio incorreto de documentos confidenciais, citando sua campanha presidencial como justificativa.
Trump, o principal candidato à indicação republicana para enfrentar o presidente democrata Joe Biden nas eleições de 2024, se declarou inocente diante das acusações de reter documentos de defesa nacional ilegalmente depois que deixou o cargo em 2021 e de conspirar para obstruir os esforços do governo para recuperá-los.
O advogado de Trump, Christopher Kise, pediu à juíza distrital Aileen Cannon, nomeada para o cargo por Trump, que considere o momento da campanha presidencial dos EUA ao decidir quando agendar o julgamento.
Cannon não marcou a data do julgamento durante a audiência, à qual Trump não compareceu, mas parecia cética quanto ao pedido dos promotores para começar em dezembro. Ela perguntou ao promotor Jay Bratt se já houve um caso envolvendo informações sigilosas que foi a julgamento em menos de seis meses. Bratt disse que não poderia apontar um caso específico.
Mas Cannon também não parecia inclinada a atender ao pedido de Trump por um adiamento por tempo indefinido, dizendo: "precisamos definir um cronograma".
O caso dos documentos é um dos vários processos que Trump enfrenta relacionados ao seu tempo na Casa Branca. Trump disse nesta terça-feira que o procurador especial dos EUA Jack Smith, que apresentou o caso dos documentos, também enviou a Trump uma carta dizendo que ele é alvo de uma investigação de um grande júri sobre seus esforços para anular sua derrota nas eleições de 2020.
Durante a audiência desta terça no caso dos documentos, o advogado de Trump, Kise, disse que, como o Departamento de Justiça dos EUA sob o comando de Biden apresentou as acusações, o caso pode ser visto como os "dois principais candidatos à Presidência dos Estados Unidos se enfrentando no tribunal".
O promotor David Harbach classificou as insinuações de interferência política de "totalmente falsas". Ele observou que o procurador-geral Merrick Garland nomeou Smith como procurador especial para distanciar a investigação da política.
(Reportagem de Andrew Goudsward)