Por Gabriela Baczynska
VARSÓVIA (Reuters) - A imigração ilegal para a União Europeia proveniente da África Ocidental aumentou mais de dez vezes no ano em janeiro, de acordo com a agência de fronteiras do bloco, Frontex, que espera que o número total de chegadas cresça em 2024 e diz que é impossível interromper completamente o movimento de pessoas.
O chefe da Frontex, Hans Leijtens, falou em seu escritório em Varsóvia antes de uma viagem do chefe-executivo da UE e do primeiro-ministro espanhol na quinta-feira à Mauritânia, que recentemente tem se tornado um importante ponto de partida para a Europa.
Questionado sobre as eleições parlamentares de junho em toda a UE, nas quais a migração é uma das principais questões, o holandês disse à Reuters que impedir completamente as chegadas ilegais não é algo realista.
"A migração é um fenômeno global. Precisamos gerenciar a migração porque não podemos lidar com a migração não gerenciada para a Europa", disse ele. "Mas uma parada total, para mim, isso parece muito difícil, para não dizer impossível."
Leijtens disse que o gerenciamento ordenado das fronteiras externas do bloco é uma parte importante de um "portfólio europeu" mais amplo necessário para enfrentar o desafio e enfatizou a necessidade de desenvolvimento da UE e outras ajudas a países estrangeiros.
No ano passado, a Frontex registrou 380.000 passagens ilegais nas fronteiras, o maior número desde 2016. Isso marcou mais um ano consecutivo de crescimento desde as mínimas da pandemia da Covid-19 em 2020, uma tendência que Leijtens vê se manter em 2024.
"Não acho que haverá uma nova tendência em termos de queda nos números", disse ele, esperando que mais pessoas da África Subsaariana tentem chegar à Europa, enquanto a situação dos palestinos que fogem de Gaza é incerta.
Aqueles que fogem de guerras têm direito a asilo na UE, que tem abrigado milhões de ucranianos fugindo da invasão russa desde 2022. Os africanos são vistos principalmente como imigrantes em busca de trabalho e o bloco quer manter um controle rígido sobre essas chegadas.
A Reuters viu os dados de janeiro da Frontex antes da publicação oficial. Eles mostraram que a rota do Atlântico é a rota de imigração ilegal mais movimentada para a UE, representando quase a metade do total de quase 14.000 chegadas no mês passado.
No geral, as chegadas ilegais caíram marginalmente em relação ao ano anterior e em um terço em relação a dezembro, mostraram os dados, com os meses de inverno (no Hemisfério Norte) normalmente registrando números baixos.
O oposto é verdadeiro para o verão. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que mais de 3.700 migrantes morreram a caminho da Europa no ano passado, sendo que alguns dos desastres mais mortais ocorreram na cidade litorânea italiana de Steccato di Cutro e na ilha grega de Pylos.