(Reuters) - O conflito entre facções militares no Sudão causou um aumento nos casos de estupro e sequestro de mulheres e meninas, algumas com apenas 12 anos, disseram agências de ajuda e autoridades.
Adolescentes estão sendo agredidas sexualmente e estupradas por combatentes armados em "números alarmantes", disse a Save the Children em um comunicado nesta sexta-feira, enquanto as Nações Unidas relataram um "aumento acentuado" na violência de gênero.
A guerra que eclodiu em 15 de abril coloca o Exército do Sudão contra os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), que se desentenderam por causa dos planos de transição política para um governo civil. Os combates têm se concentrado na capital Cartum e na região de Darfur.
Embora dezenas de casos de estupro decorrentes do conflito tenham sido verificados, a unidade de Combate à Violência contra a Mulher (CVAW) do governo sudanês estima que esse número possa representar apenas 2% do total.
"Sabemos que os números oficiais são apenas a ponta do iceberg. Crianças de 12 anos estão sendo visadas por seu gênero, por sua etnia, por sua vulnerabilidade", disse o diretor da Save the Children's no Sudão, Arif Noor, em um comunicado.
Alguns pais estavam casando suas filhas muito jovens para tentar protegê-las de mais abusos, afirmou ele.
Também havia relatos de meninas detidas por dias enquanto eram agredidas sexualmente, e estupros coletivos de mulheres e meninas.
“Provedores de saúde, assistentes sociais, conselheiros e redes de proteção na comunidade dentro do Sudão alertaram para um aumento acentuado nos relatos de violência de gênero à medida que as hostilidades continuam em todo o país”, disseram as agências das Nações Unidas em um comunicado conjunto nesta semana.
A ONU estima que 4,2 milhões de pessoas correm o risco de sofrer violência de gênero, contra 3 milhões antes do início do conflito, em meados de abril. O Sudão tem uma população de 49 milhões.
Algumas mulheres chegam grávidas como resultado de estupro, de acordo com a agência de refugiados da ONU.
(Reportagem de Aidan Lewis e Nafisa Eltahir)