Por Emma Rumney
BEIRA, Moçambique (Reuters) - Agentes de resgate ampliaram, nesta quinta-feira, a busca de sobreviventes de inundações devastadoras em Moçambique provocadas pela passagem de um ciclone poderoso que assolou o sul da África uma semana atrás, matando centenas e destruindo construções e terras de cultivo.
O saldo de mortes em Moçambique subiu para 217, e cerca de 15 mil pessoas, muitas delas doentes, ainda precisam ser resgatadas, disse o ministro da Terra e do Meio Ambiente, Celso Correia, mas os agentes de resgate continuam encontrando corpos e o saldo de mortes pode aumentar dramaticamente.
Connor Hartnady, líder de uma força-tarefa de operações de resgate da África do Sul, disse que uma das maiores prioridades nesta quinta-feira é avançar nas áreas remanescentes afetadas por inundações que ainda não foram alcançadas em busca de pessoas necessitadas de resgate.
Helicópteros estavam transportando pessoas, algumas retiradas dos tetos de casas e de topos de árvores, para a cidade portuária de Beira, o principal quartel-general da enorme operação de resgate.
Um helicóptero voltou com quatro crianças e duas mulheres, resgatadas de um pequeno estádio de futebol de um vilarejo de resto submerso. Um menino pequeno, com uma perna quebrada, estava sozinho e dava sinais de exaustão quando os agentes de resgate o deitaram na grama antes de levá-lo a uma ambulância.
Uma idosa estava sentada, atordoada, perto de dois de seus netos. Os três estavam ilesos, mas as crianças perderam a mãe.
Agora que as águas das inundações começaram a baixar, a prioridade é levar alimentos e outros suprimentos às pessoas, ao invés de retirar pessoas de áreas afetadas, embora isso também esteja sendo feito, disse Correia.
Cerca de 3 mil pessoas foram resgatadas até agora, afirmou.
"Nossa maior luta é contra o relógio", disse o ministro em uma coletiva de imprensa, acrescentando que as autoridades estão usando todos os meios possíveis para salvar vidas e trabalhando 24 horas por dia.
O ciclone Idai atingiu a cidade portuária moçambicana de Beira com ventos de até 170 km/h uma semana atrás, depois rumou para o continente na direção do Zimbábue e de Malaui, derrubando edifícios e ameaçando as vidas de milhões.
Estima-se que 56 pessoas morreram no Malaui.
O saldo de mortes no vizinho Zimbábue chegou a 139 nesta quinta-feira. O Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em inglês), que está coordenando a entrega de comida na região, disse que 200 mil pessoas no Zimbábue precisariam de assistência urgente na almentação por três meses.
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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