Por Marius Zaharia e Anne Marie Roantree
HONG KONG (Reuters) - Angustiado com a atitude intransigente do governo na escalada da situação social, Jason Tse se demitiu de seu emprego na Austrália e pegou um avião para voltar para casa e participar do que acredita ser uma luta pelo futuro de Hong Kong.
O território chinês passa por sua maior crise desde a cessão ao governo de Pequim, há 22 anos, enquanto muitos moradores se afligem com o que é visto como o aumento do domínio chinês na cidade, em uma marcha contínua pelo controle total da região.
A batalha pela alma de Hong Kong virou os manifestantes contra os chefes políticos da ex-colônia britânica em Pequim, e amplas porções do hub financeiro asiático estão determinadas a defender as liberdades de seu território a qualquer custo.
Diante das possíveis punições e nenhuma recompensa, a chefe executiva Carrie Lam reiterou que as demandas dos manifestantes são inaceitáveis. O movimento pró-democracia se intensificou nos últimos dias apesar de Pequim ter destacado tropas paramilitares para a região da fronteira nas últimas semanas.
"Este é um momento de agora ou nunca, e é a razão pela qual voltei", disse Tse, de 32 anos, acrescentando que, desde que se juntou aos protestos no mês passado, tem sido um membro pacífico dos comícios e um ativista no aplicativo de mensagens Telegram.
"Se não agirmos agora, nossa liberdade de expressão, nossos direitos humanos, tudo estará perdido. Precisamos persistir".
Desde que a cidade retornou ao domínio chinês em 1997, críticos dizem que Pequim não honrou o compromisso de manter a autonomia de Hong Kong e as liberdades sob a fórmula de "um país e dois sistemas".
A oposição a Pequim, que havia diminuído após 2014, quando autoridades enfrentaram um movimento pró-democrático que tomou as ruas por 79 dias, voltou para assombrar o governo, que agora lida com um ciclo de escalada de violência.
"Precisamos continuar lutando. Nosso maior medo é o governo chinês", disse um professor que se recusou a se identificar por medo de represálias. "Para nós, é um caso de vida ou morte".