CARACAS (Reuters) - A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga torturas expressou "alarme" nesta sexta-feira com os relatos de tortura e abusos de autoridades venezuelanas durante os meses de protestos da oposição no início deste ano e exortou o país a investigar a fundo os incidentes.
O Comitê Contra a Tortura disse que as queixas incluem descrições de surras, queimaduras e choques elétricos na tentativa de se obter confissões, e acrescentou que os promotores apresentaram acusações em somente cinco das 185 investigações de tais episódios.
A Venezuela deveria "garantir que todas as queixas e todos os casos de tortura e abusos de detidos sejam investigadas de maneira imediata, independente e minuciosa", afirma o relatório.
O Ministério da Informação do país não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
Mais de 40 pessoas, entre elas manifestantes, apoiadores do governo e autoridades de segurança, foram mortas na violência que acompanhou os protestos, nos quais simpatizantes da oposição exigiram a renúncia do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Maduro classificou as manifestações muitas vezes violentas como um esforço apoiado por Washington para tirá-lo do cargo e culpou os manifestantes pela maioria das mortes. Ele prometeu investigar quaisquer casos de abuso das forças de segurança.
Grupos oposicionistas e ativistas de direitos humanos afirmam que soldados e policiais detiveram sistematicamente manifestantes envolvidos em protestos pacíficos, prenderam transeuntes inocentes e mantiveram pessoas detidas sem obedecer os procedimentos e sem permitir o acesso a advogados.
O comitê da ONU também instou a Venezuela a investigar relatos de detenções arbitrárias e pedidos repetidos de libertação do líder das manifestações, Leopoldo López, e do ex-prefeito oposicionista Daniel Ceballos. Em outras ocasiões o governo descartou tais pedidos.
(Por Brian Ellsworth)