Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - A agência de clima e ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quinta-feira que não há razão para alarme a respeito de um buraco de tamanho recorde detectado este mês na camada de ozônio --que protege a vida terrestre do sol--, já que voltará a encolher.
O tamanho do buraco que surge na Antártida varia, normalmente chegando à sua maior dimensão na primavera polar, quando temperaturas extremamente frias e a volta da luz solar liberam radicais de cloro que destroem o ozônio.
No ano passado, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou ter detectado o primeiro sinal de recuperação do ozônio, sobretudo devido à uma proibição de gases que destroem o ozônio em vigor desde 1987, mas disse também que uma década pode se passar até que o buraco comece a encolher.
Neste ano, uma estratosfera mais fria do que o normal ampliou o buraco, que atingiu o limite de 28,2 milhões de quilômetros quadrados em 2 de outubro – maior que o Canadá e a Rússia juntos.
Foi o recorde do buraco, que é medido nesta mesma data todos os anos, e a abertura se manteve nos níveis diários recordes em todos os dias desde então, afirmou a OMM citando dados da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês). Ao longo dos 30 dias próximos do recorde, o buraco mostrou um tamanho médio de 26,9 milhões de quilômetros quadrados, a terceira maior marca depois de 2000 e 2006.
"Isto nos mostra que o problema do buraco no ozônio ainda está aí e que precisamos continuar vigiando. Mas não há motivo para alarmismo", disse Geir Braathen, cientista-sênior da Divisão de Pesquisa Atmosférica e Ambiental da OMM, em um comunicado.
"No geral, entretanto, isso não reverte a recuperação de longo prazo projetada para as próximas décadas", afirma a declaração.
Os agentes químicos que destroem o ozônio, como os clorofluorcarbonetos (CFCs), muito usados no passado em geladeiras e latas de spray, foram banidos pelo Protocolo de Montreal de 1987. O Programa Ambiental da ONU disse que o tratado irá evitar 2 milhões de casos anuais de câncer de pele até 2030.