LONDRES (Reuters) - O Irã não negociará sua presença no Oriente Médio com o Ocidente, disse o aiatolá Ali Khamenei nesta quinta-feira, alguns dias depois de o ministro das Relações Exteriores francês tentar ampliar o papel de Teerã em conflitos regionais durante uma visita.
Jean-Yves Le Drian voou à capital iraniana na segunda-feira com a missão de reafirmar o apoio europeu a um acordo nuclear de 2015 que abriu a economia da República Islâmica, mas ao mesmo tempo ecoou o temor dos Estados Unidos com seu programa de mísseis e sua influência na região.
"Países europeus vêm (a Teerã) e dizem 'queremos negociar com o Irã a respeito de sua presença na região'. Isso não é da sua conta. É nossa região. Por que estão aqui?", disse o líder supremo, segundo seu site oficial.
Khamenei, clérigo xiita que é a autoridade máxima do Irã em todas as grandes questões de Estado, disse que seu país só negociará o tema com outros Estados da região.
A Guarda Revolucionária iraniana tem enviado armas e milhares de soldados à Síria para auxiliar seu presidente, Bashar al-Assad, na guerra civil de mais de sete anos. Israel acusou Teerã de buscar uma presença militar permanente na Síria.
Khamenei descreveu a presença de forças militares dos EUA em várias regiões do mundo como "mal-intencionada e sediciosa", e disse que o Irã não pedirá permissão a Washington para ser ativo no Oriente Médio.
"Negociaremos com a América quando quisermos estar presentes na América", afirmou.
O presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou retirar Washington do acordo nuclear de potências mundiais com o Irã, firmado antes de ele tomar posse, a menos que três signatários europeus ajudem a "consertar" o pacto obrigando o regime a limitar sua atuação Oriente Médio e conter seu programa de mísseis balísticos.
(Por Bozorgmehr Sharafedin)