Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - As agências da ONU disseram nesta terça-feira que as duas principais passagens para o sul da Faixa de Gaza permaneciam fechadas, praticamente isolando o enclave palestino da ajuda externa, com poucos estoques posicionados no interior.
O porta-voz do escritório humanitário da agência global, Jens Laerke, afirmou aos jornalistas que Israel fechou as passagens de Rafah e Kerem Shalom para ajuda e pessoas como parte de sua operação militar em Rafah, onde cerca de 1 milhão de pessoas desalojadas estão abrigadas.
As Forças Armadas israelenses disseram que uma operação limitada em Rafah tinha o objetivo de matar combatentes e desmantelar a infraestrutura usada pelo Hamas, que governa o território palestino sitiado.
"As duas principais vias de entrada de ajuda em Gaza estão atualmente bloqueadas", disse Laerke, acrescentando que as agências da ONU tinham estoques muito baixos na Faixa de Gaza, já que os suprimentos humanitários eram consumidos imediatamente. O enclave tem apenas uma reserva de combustível para um dia, segundo ele.
"Se o combustível não chegar para um período prolongado, será uma maneira muito eficaz de colocar a operação humanitária em perigo", afirmou.
Um porta-voz da Organização Mundial da Saúde disse, em resposta à pergunta de um jornalista, que não estavam sendo feitas exceções para pacientes doentes e feridos.
Embora alguns suprimentos que não sejam combustíveis tenham entrado em Gaza pela travessia de Erez, ao norte, nos últimos dias, as agências da ONU disseram que isso era insuficiente e difícil de entregar em Rafah, pois significava atravessar zonas de combate ativas.
"Erez simplesmente não será suficiente", disse James Elder, porta-voz da agência das Nações Unidas para a infância. "Se o portão de Rafah fechar por um longo período, é difícil ver como a fome em Gaza poderá ser evitada", declarou ele.
Mesmo antes da mais recente escalada no conflito de sete meses, as Nações Unidas acusaram repetidamente Israel de restringir o acesso à ajuda, apesar dos avisos de fome. Diante da crescente pressão internacional, Israel se comprometeu a melhorar o acesso, mas diz que as agências da ONU são culpadas por não distribuir a ajuda de forma mais eficiente dentro do enclave.
As agências da ONU afirmaram que haviam estocado previamente parte da ajuda em Rafah, mas que o estoque de água e de suprimentos nutricionais de alta energia necessários para tratar crianças desnutridas era muito baixo.