Por Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - A Alemanha quer acolher cerca de 1.500 imigrantes retidos em ilhas gregas depois que um incêndio destruiu um campo superlotado, disseram fontes do governo nesta terça-feira, um gesto de solidariedade com o país-membro e colega de União Europeia.
A decisão da chanceler Angela Merkel vem na esteira de um crescimento de seu partido conservador nas pesquisas de opinião à custa da sigla de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), em virtude do que é visto por muitos como sua condução firme da crise do coronavírus.
Mais de 12 mil pessoas, a maioria postulantes a asilo de Afeganistão, África e Síria, ficaram sem abrigo, saneamento adequado ou acesso a comida depois que o fogo arrasou o campo de imigrantes de Moria, na ilha de Lesbos, na semana passada.
As fontes do governo alemão disseram à Reuters que seu país abrigará os imigrantes cujos pedidos de asilo já foram aceitos e que permaneceram em Lesbos.
O porta-voz do Ministério do Interior disse que foi feita uma proposta que membros conservadores do Parlamento debaterão ainda nesta terça-feira.
Há tempos a Grécia lida com o fardo da grande quantidade de imigrantes que chegam pelo mar, e existem cerca de 30 mil refugiados e imigrantes em suas ilhas.
A questão da migração continua a dividir a UE, que ainda não foi capaz de delinear uma política de asilo comum cinco anos depois de Merkel abrir as portas da Alemanha a 1,2 milhão de pessoas em busca de proteção.
A AfD ingressou no Parlamento alemão pela primeira vez dois anos atrás, e é o principal partido de oposição.
Os 1.500 imigrantes a serem transferidos da Grécia para a Alemanha se somam às 100-150 crianças que o governo de Merkel quer acolher.
Pesquisas mostram que a maioria dos alemães concorda em receber imigrantes que precisam de proteção, e Merkel e o ministro do Interior, Horst Seehofer, receberam apelos de políticos regionais e municipais para aliviar o fardo da Grécia acolhendo imigrantes.
(Reportagem adicional de Thomas Escritt)