Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - A Alemanha lamentou nesta segunda-feira que Teerã não tenha respondido positivamente às propostas europeias para retomar o acordo nuclear de 2015, destacando as perspectivas sombrias de um acordo em breve, enquanto Israel pediu ações para impedir que o Irã se torne um Estado com armas nucleares.
Dois dias depois que as potências europeias disseram que tinham "sérias dúvidas" sobre as intenções do Irã a respeito do acordo, o Irã afirmou que estava pronto para continuar cooperando com a agência nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Mas também instou a AIEA a "não ceder à pressão de Israel" sobre as atividades nucleares de Teerã e revelou um drone capaz de atingir cidades em Israel, que ameaçou atacar instalações nucleares iranianas se a diplomacia não conseguir salvar o acordo.
No sábado, França, Reino Unido e Alemanha questionaram o compromisso do Irã de retomar o pacto que restringe o programa nuclear de Teerã em troca do levantamento de sanções, comentários que foram rejeitados pelos iranianos e chamados de "muito prematuros" por Moscou.
O Conselho de Governadores da AIEA se reúne nesta segunda-feira, três meses depois de adotar uma resolução pedindo ao Irã que dê respostas confiáveis às investigações da agência sobre vestígios de urânio em três locais no Irã. As nações ocidentais têm acusado o Irã de buscar armas nucleares. O Irã diz que seu programa nuclear é pacífico e que as investigações da AIEA são politicamente motivadas.
"O Irã anuncia sua cooperação construtiva com a agência como sua obrigação... Embora o Irã tenha obrigações, também tem direitos", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã Nasser Kanaani em entrevista coletiva.
"Naturalmente, o Irã espera ações construtivas da AIEA e dos membros de seu conselho administrativo."
Kanaani chamou a declaração europeia de sábado de "não construtiva".
"Tanto os EUA quanto a Europa devem provar que não priorizam os interesses do regime sionista (Israel) ao tomar decisões políticas", disse ele.
Após 16 meses de conversas indiretas entre Teerã e Washington, o chefe de política externa da União Européia, Josep Borrell, disse em 8 de agosto que o bloco fez uma oferta final para superar um impasse sobre a retomada do acordo.
No início deste mês, o Irã enviou sua última resposta ao texto proposto pela UE. Diplomatas ocidentais disseram que foi um retrocesso, com Teerã buscando vincular a retomada do acordo com o encerramento das investigações da AIEA sobre os vestígios de urânio.
Em Berlim, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que não há razão para o Irã rejeitar as propostas europeias de retomar o acordo nuclear.
"Estamos de acordo com Israel que o Irã não pode obter armas nucleares... Lamento que o Irã até agora não tenha conseguido dar uma resposta positiva às sugestões do coordenador europeu", declarou ele.
O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, falando ao lado de Scholz, pediu uma ação coletiva para impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear e disse que é hora de superar as negociações fracassadas anteriores.