Por Julia Edwards Ainsley
WASHINGTON (Reuters) - Aliados do secretário de Justiça dos Estados Unidos, Jeff Sessions, acusaram o presidente Donald Trump de realizar uma campanha pública deliberada para pressioná-lo a renunciar, em vez de demiti-lo diretamente, mas garantiram que ele não deixará o cargo.
Trump disse nesta terça-feira em um tuíte que Sessions "adotou uma postura muito fraca" na investigação de sua adversária na eleição presidencial de 2016, a democrata Hillary Clinton, devido a seu uso de um servidor de email pessoal. Na segunda-feira Trump havia classificado seu secretário de Justiça como "sitiado".
Trump está irritado pelo fato de Sessions, que como secretário de Justiça também ocupa o posto de procurador-geral, ter se isentado de uma investigação federal sobre um possível conluio entre a equipe de campanha do presidente e a Rússia.
O Kremlin diz não ter interferido na eleição, e Trump negou qualquer conluio.
A recusa de Sessions o isentou de supervisionar o procurador especial Robert Mueller, cujo inquérito abrangente se concentra nos assessores de Trump e em seu genro, Jared Kushner, e vem ofuscando o governo de Trump.
Duas pessoas próximas a Sessions disseram que o secretário, que foi o primeiro senador republicano a declarar apoio à campanha presidencial de Trump, ficou profundamente ofendido com as críticas públicas de seu chefe, mas que sua determinação de continuar no cargo é firme.
Os ataques públicos de um presidente a um membro de seu próprio gabinete e outrora aliado político próximo surpreenderam muitos em Washington. Trump rasgou mais uma página do manual, uma vez que normalmente um presidente expressaria seu desagrado com um secretário de gabinete longe dos holofotes.
"Em uma gestão na qual muitas coisas inesperadas aconteceram, esta pode ser a mais inesperada. Isto chegou a um nível que jamais vimos antes", disse Douglas Heye, ex-assessor do ex-líder republicano na Câmara dos Deputados, Eric Cantor.
Parlamentares republicanos saíram em defesa de Sessions nesta terça-feira, e o democrata mais graduado do Senado, Chuck Schumer, acusou Trump de tentar "assediar seu próprio secretário de Justiça para que ele entregue o cargo".
Ele afirmou que, se Trump demitisse Sessions, os democratas enfrentariam qualquer tentativa de substituí-lo durante o recesso do Congresso, em agosto.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, e o recém-indicado diretor de Comunicações da Casa Branca, Anthony Scaramucci, foram à televisão reforçar a frustração do presidente com Sessions.
(Reportagem adicional de Jim Oliphant, Dloina Chiacu e David Alexander, em Washington)