PEQUIM (Reuters) - Os aliados dos Estados Unidos na Ásia silenciaram nesta quarta-feira diante da confusão a respeito de um porta-aviões que deveria estar a caminho da Coreia do Norte para uma demonstração de força e na verdade estava finalizando exercícios de treinamento na Austrália.
Mas muitos chineses foram às redes sociais fazer piada com o assunto.
"O imperialismo americano é um tigre de papel", disse um usuário do Weibo, a versão chinesa do Twitter.
"O porta-aviões estava andando durante o sono", disse outro.
Na terça-feira os militares norte-americanos do Comando do Pacífico explicaram que primeiro o grupo de ataque Carl Vinson tinha que terminar um período de treinamento mais curto do que o esperado na Austrália.
Mas agora ele está "seguindo para o Pacífico Ocidental, tal como ordenado", disse.
Na semana passada o presidente dos EUA, Donald Trump, disse ter ordenado que o grupo de ataque rumasse para as águas coreanas em meio a rumores de que a imprevisível Coreia do Norte provavelmente irá realizar um teste nuclear ou de míssil balístico de longo alcance.
"Não podemos comentar os detalhes da operação norte-americana de seus recursos", disse um militar em Seul, capital da Coreia do Sul.
Pyongyang continua tecnicamente em guerra com o Sul e os EUA porque a Guerra da Coreia de 1950-53 terminou em um armistício e nenhum tratado de paz foi assinado.
O Japão, o outro grande aliado de Washington na região, não comentou a gafe, e o Ministério das Relações Exteriores da China não quis comentar durante um boletim à imprensa.
Sediado em Singapura, o especialista em segurança Ian Storey disse que os países da região consideraram a confusão sobre a localização do grupo de ataque "perturbadora e desconcertante".
"Esta desconexão entre a Casa Branca e o Comando do Pacífico pode ser uma questão operacional, mas é distintamente estranha", disse Storey, que trabalha no Instituto Yusof Ishak do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático.
"O fato de que o grupo de ataque Carl Vinson não estava nos arredores da península coreana mina a abordagem dura do governo Trump com Pyongyang."
A Coreia do Norte não fez menção à confusão, mas disse que os EUA e seu aliados "não deveriam mexer conosco".
"Um porta-aviões de propulsão nuclear que os Estados Unidos e seu grupo de fantoches estão propagandeando com alarde não é nada mais do que uma pilha de sucata diante do poderio impressionante de nossas forças revolucionárias", disse o Rodong Sinmun, o jornal oficial do Partido dos Trabalhadores da Coreia.
(Por Michael Martina e Greg Torode em Hong Kong e Jack Kim em Seul)