O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Abbas Araghchi, disse que o Eixo da Resistência, aliança anti-Israel comandada por Teerã, será afetado pela queda do presidente da Síria, Bashar al-Assad. “É natural que a frente de resistência seja afetada”, disse em entrevista transmitida na televisão no domingo (8.dez.2024). As informações são da Agência Lusa.
Araghchi reconheceu a importância da Síria como um dos integrantes, mas declarou que a resistência não irá parar sem o país. “A Síria tem desempenhado papel significativo no confronto com Israel e no apoio aos palestinos. (…) Pode haver algumas limitações, mas a resistência encontrará o caminho a seguir”, disse.
O ministro iraniano disse ainda que o Hezbollah possui munições, equipamentos e instalações para os próximos 1 ou 2 anos.
O Eixo da Resistência é formado pelos grupos extremistas islâmico palestino Hamas, xiita libanês Hezbollah, os rebeldes Houthis do Iêmen, e as milícias no Iraque e na Síria.
O país árabe era o único que fazia parte da aliança. Desempenhou papel importante ao dar ao Irã acesso direto ao Hezbollah.
Segundo um perfil nas redes da mais alta autoridade religiosa e política do país, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ele fará um discurso na 4ª feira (11.dez) sobre os últimos acontecimentos na região depois da queda de al-Assad.
Será na mesquita Imam Khomeini, em Teerã, em encontro com “milhares de pessoas de diferentes origens”, de acordo com o perfil. A última vez que o líder discursou nesses moldes foi em outubro deste ano, depois da morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
ENTENDA
Os rebeldes declararam, no domingo (8.dez), a capital Damasco livre do presidente al-Assad, depois de 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico HTS (Organização de Libertação do Levante, na sigla árabe), junto a outras facções apoiadas pela Turquia.
O presidente sírio que esteve no poder por 24 anos deixou o país perante a ofensiva rebelde e se asilou na Rússia, segundo o Ministério das Relações Exteriores do país disse no domingo (8.dez).
Rússia e China manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã de Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, símbolo de repressão, iniciada em 1970. Chegaram ao poder por meio de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até a sua morte em 2000.