Por Anthony Deutsch
AMSTERDÃ (Reuters) - Militantes do Estado Islâmico atacaram forças curdas no Iraque com gás mostarda no ano passado, o primeiro caso conhecido de uso de armas químicas naquele país desde a queda de Saddam Hussein, disse um diplomata a par de exames feitos pela agência global de monitoramento de agentes químicos.
Uma fonte da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq, na sigla em inglês) confirmou que testes de laboratório deram resultado positivo para mostarda sulfúrica depois que cerca de 35 soldados curdos ficaram doentes no campo de batalha EM agosto passado.
A Opaq não irá identificar quem usou o agente químico, mas o diplomata, falando sob condição de anonimato porque as descobertas ainda não foram divulgadas, afirmou que o resultado confirmou que armas químicas foram usadas por combatentes do Estado Islâmico.
As amostras foram recolhidas depois que os soldados adoeceram durante combates contra militantes da facção radical a sudoeste de Erbil, capital da região curda autônoma do Iraque.
Em outubro a Opaq já havia concluído que o gás mostarda foi usado em 2015 na vizinha Síria.
A questão deve ser abordada na próxima cúpula do Conselho Executivo de 41 membros da Opaq dentro de um mês, afirmou uma autoridade.
Se o grupo sunita extremista empregou armas químicas, especialistas ainda não sabem como pode tê-las obtido, nem se pode ter acesso a mais delas.
Outro diplomata, que tampouco quis ser identificado, disse que o estoque químico sírio é uma possível fonte da mostarda sulfúrica utilizada no Iraque. Isso significaria que Damasco não revelou a totalidade de seu programa de armas químicas, que foi desmantelado sob supervisão internacional entre 2013 e 2014, declarou o diplomata.
"Se a Síria de fato entregou suas armas químicas para a comunidade internacional, foi só a parte declarada à Opaq, e a declaração obviamente foi incompleta", afirmou ele à Reuters.
Não foi possível obter comentários das autoridades sírias de imediato, mas anteriormente elas já haviam negado que qualquer parte de seu estoque não tivesse sido destruída.
Damasco concordou em abdicar de seu arsenal químico depois que centenas de pessoas morreram em um ataque com gás sarin em uma periferia da capital síria em 2013. Países ocidentais atribuíram seu uso ao governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, que o nega.