MANÁGUA (Reuters) - A organização de direitos humanos Anistia Internacional disse na quinta-feira que documentou ao menos seis "possíveis execuções extrajudiciais" na Nicarágua durante a repressão do governo aos protestos contra o presidente Daniel Ortega.
A Nicarágua vive uma crise desde o início das manifestações contra cortes em programas sociais planejados pelo governo Ortega em abril, que mais tarde se tornaram um protesto mais generalizado contra o líder.
A repressão aos manifestantes provocou amplo repúdio internacional. Os apoiadores de Ortega dizem que os protestos foram orquestrados por seus oponentes para tirar o ex-guerrilheiro marxista do poder.
Em um relatório apresentado na quinta-feira em Berlim, a Anistia Internacional disse que dois homens de 22 e 34 anos e um menino de 16 anos foram mortos a tiros pela polícia quando fugiam de uma troca de disparos em 24 de julho.
As outras três possíveis vítimas foram um policial que não agiu e dois jovens que morreram quando alunos da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua se entrincheiraram em uma igreja de Manágua em 13 de julho, disse a Anistia Internacional.
O subprocurador-geral da Nicarágua, Adolfo Jarquín Ortel, minimizou o relatório por vê-lo como um ataque político ao governo.
"A Anistia Internacional não tem autoridade para emitir nenhum relatório" sobre a crise na Nicarágua, disse Jarquín Ortel à Reuters em seu escritório em Manágua.
Jarquín Ortel acrescentou que quando a ativista de direitos humanos nicaraguense Bianca Jagger visitou o país com a Anistia Internacional em maio, emitiu "opiniões políticas" críticas a Ortega.
A Anistia Internacional também documentou 12 casos de tortura e disse que grupos armados pró-governo usaram "armas letais de uso militar". Jarquín Ortel respondeu dizendo que os grupos são regulamentados pela lei nicaraguense e que fornecem apoio em assuntos de segurança.
Grupos de direitos humanos locais dizem que mais de 300 pessoas foram assassinadas nos protestos. O governo Ortega questiona estas cifras e diz que cerca de 200 pessoas morreram.
Ainda na quinta-feira a Comissão Interamericana de Direitos Humanos disse que seus levantamentos mais recentes indicam que 325 pessoas foram mortas durante os protestos, entre elas 21 policiais.
(Por Ismael Lopez)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES