LONDRES (Reuters) - A jovem Anne Frank, que escreveu um diário durante a Segunda Guerra Mundial, foi lembrada nesta terça-feira pelas suas próprias palavras, em vez de um minuto de silêncio, numa nova campanha no Reino Unido para marcar os 70 anos desde a sua morte.
A entidade Anne Frank Trust UK lançou uma campanha na mídia social chamada #notsilent em que celebridades e o público são convidados a ler e gravar trechos de um minuto do diário de Anne sobre o período em que viveu escondida dos nazistas e publicar seus vídeos com a hashtag.
Numa cerimônia na Biblioteca Britânica, em Londres, crianças leram trechos do diário de Anne, e a sobrevivente do Holocausto Freda Wineman lembrou que esteve nos campos de concentração em Auschwitz e Bergen-Belsen ao mesmo tempo em que a menina judia adolescente.
"Setenta anos. Não parece possível, mas alguns de nós ainda estamos por perto para manter a memória viva", disse Wineman à Reuters.
"A geração jovem não deve esquecer, e acho que através de seu livro e através do seu maravilhoso escrito há uma mensagem que ela já deu, sem saber, para a geração futura de que devem tomar ciência do que está acontecendo ao seu redor."
Anne Frank e sua família viveram num anexo secreto de uma casa em Amsterdã. Eles foram descobertos em 1944 e a menina morreu com 15 anos em Bergen-Belson, em 1945. Seu diário foi publicado dois anos mais tarde e desde então tem sido lido no mundo inteiro.
"Todos nós parecíamos terríveis. Todos nós parecíamos horríveis. Você sabe que estávamos sem cabelo, morrendo de fome, com furúnculos, doentes", disse Wineman sobre o tempo em que passou no campo de concentração. "Alguns de nós sobrevivemos com tudo isso, mas outros simplesmente não puderam aguentar mais. Pegaram tifo."
A atriz britânica Naomie Harris e a autora infantil Jacqueline Wilson estão entre as pessoas que já gravaram trechos do diário em memória a Anne.
Os organizadores dizem que a data exata da morte de Anne é desconhecida, mas 14 de abril é a véspera do dia da libertação do campo de Bergen-Belsen.
"Nós poderíamos fazer um minuto de silêncio para marcar a morte de Anne Frank, mas não é o caso", disse o cofundador e diretor-executivo da Anne Frank Trust UK, Gillian Walnes.
"Anne Frank não podia ser silenciada. Sua voz ressoou entre as gerações nos 70 anos desde sua morte, e ela inspirou as pessoas... a realmente falar em sua memória e tentar tornar o mundo melhor, como ela queria fazer, mas não pôde fazer."
(Reportagem de Sara Hemrajani)
((Tradução Redação São Paulo; +5511 5644-7731)) REUTERS BM OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20150414T223953+0000