Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, chegou ao poder em 2015 prometendo fortalecer o agronegócio e cortar impostos que freavam as exportações, e o setor que é a espinha dorsal do país o acolheu de braços abertos depois de anos de controles nas vendas ao exterior que visavam manter os preços domésticos baixos.
Agora as relações da poderosa indústria com o líder de centro-direita estão esfriando, uma vez que o setor está frustrado com a volta das tarifas às exportações e com as taxas de empréstimos elevadas que vêm prejudicando os agricultores menores, uma preocupação para Macri antes das eleições nacionais deste ano.
O agronegócio da Argentina, que responde por mais da metade dos dólares das exportações da segunda maior economia da América do Sul, é um barômetro essencial para Macri, que se apresentou como paladino dos negócios e da indústria.
"Apoiamos publicamente o governo nas últimas eleições (de meio de mandato de 2017) por acreditarmos que estava administrando as políticas que os agricultores precisam", disse Carlos Iannizzotto, presidente da Confederação Intercooperativa Agropecuária, uma das quatro maiores organizações do agronegócio do país.
"Hoje não podemos fazer o mesmo."
A Reuters conversou com os líderes das quatro maiores associações, que coletivamente formam a influente "Mesa de Enlace". Elas citaram o recuo de Macri no corte dos impostos sobre as exportações e o custo alto do crédito, com taxas de juros acima dos 60 por cento.
Os lobbies do agronegócio não influenciam diretamente os votos de uma grande proporção de eleitores, observaram analistas e institutos de pesquisa, mas disseram que o apoio declinante é um sinal de alerta importante para Macri antes da votação de outubro, que deve ser muito disputada.
No ano passado, uma crise financeira aguda forçou Macri a pedir um socorro de 56,3 bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional (FMI), oferecendo em troca a promessa de equilibrar o déficit do país, o que incluiu readotar impostos sobre as exportações.
As vendas de colheitadeiras, tratores e máquinas agrícolas despencaram no ano passado, segundo dados do próprio governo.
Mas nem todos os agricultores estão rompendo com Macri, que ainda é visto por muitos como o candidato mais pró-mercado.