Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Fosse a Copa do Mundo disputada fora do Brasil e os jogadores da seleção brasileira perderiam o rumo de casa com a melancólica despedida da equipe com duas derrotas seguidas e o frustrante 4º lugar.
A goleada de 7 x 1 contra a Alemanha na semifinal foi seguida por outra derrota pesada neste sábado, por 3 x 0 contra a Holanda, na disputa de 3º lugar, totalizando inacreditáveis 10 gols sofridos em apenas duas partidas.
"Agora é difícil porque a gente, eu posso dizer, sai até meio perdido", reconheceu o volante Ramires depois do jogo contra a Holanda.
As duas goleadas aconteceram sem Neymar em campo, evidenciando a dependência que o time tem de seu único craque, que despediu-se mais cedo da Copa do Mundo após fraturar uma vértebra nas quartas de final contra a Colômbia.
Apesar disso, não se pode afirmar que os resultados seriam diferentes se o camisa 10 estivesse jogando, diante de tantos erros cometidos pela equipe: falhas defensivas, meio-campo frágil, falta de criatividade e a ineficiência da tática com um centroavante isolado.
Ninguém podia imaginar um fim assim para a seleção brasileira na segunda Copa do Mundo realizada no país, 64 anos após a derrota na final de 1950 para o Uruguai, especialmente após a conquista do título da Copa das Confederações do ano passado, com uma vitória de 3 x 0 sobre a então campeã mundial Espanha.
O otimismo pré-Copa era tamanho que o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira afirmou que a seleção já estava com "uma mão na taça" antes mesmo de entrar em campo neste Mundial. Faltou, no entanto, comprovar isso dentro de campo.
A derrota contra a Holanda derrubou o argumento de Parreira e do técnico Luiz Felipe Scolari de que a goleada contra a Alemanha aconteceu devido à uma "pane" de seis minutos no primeiro tempo em que o time levou quatro gols.
Ao longo de todo Mundial a seleção não conseguiu jogar o que se esperava dela. Esteve muito perto de ser eliminada pelo Chile nas oitavas de final, sendo salva pelo travessão no último minuto da prorrogação.
As falhas voltaram a acontecer na partida em Brasília contra a Holanda. Em menos de 20 minutos, o Brasil já perdia por 2 x 0 após erros da dupla de zaga Thiago Silva e David Luiz, que era apontada como ponto forte do time antes da competição.
Apesar dos problemas vividos pela equipe desde a primeira fase, quando saiu perdendo na estreia contra a Croácia (acabou vencendo de virada por 3 x 1) e depois empatou por 0 x 0 com o México, Felipão não treinou alternativas para a equipe na Granja Comary, preferindo insistir na mesma tática que rendeu o título contra a Espanha no ano passado.
Diferentemente da Copa das Confederações, no entanto, Fred não fez os gols que Felipão esperava e terminou a Copa do Mundo barrado por Jô.
Quando perdeu Neymar por lesão, o treinador teve a oportunidade de modificar a equipe e reforçar o meio-campo para enfrentar a poderosa seleção alemã na semifinal. Preferiu usar o único treino para tentar enganar a imprensa e o técnico adversário em vez de preparar o time, e acabou sofrendo a maior derrota da história da seleção brasileira.
Se Felipão e Parreira não reconheceram os problemas da seleção ao longo da Copa, preferindo exaltar a vaga na semifinal pela primeira vez desde 2002 e colocar a culpa na "pane", ao menos uma voz de destaque do grupo viu a campanha como um fracasso, o primeiro passo para buscar se levantar.
"A gente teve a oportunidade, fizemos de tudo para conseguir ser campeões do mundo no nosso país, marcar nosso nome na história de forma positiva, e falhamos, deixamos a desejar", afirmou Neymar em entrevista antes mesmo da derrota contra a Holanda.
"Sabemos que não fizemos uma campanha boa demonstrando o nosso melhor futebol, o futebol de seleção brasileira."