Por John Walcott e Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) - Avaliações feitas pelos Estados Unidos após os ataques de mísseis de EUA, Reino Unido e França contra a Síria mostraram que estes só tiveram um impacto limitado na capacidade do presidente sírio, Bashar al-Assad, de realizar ataques com armas químicas, disseram quatro autoridades dos EUA à Reuters.
A conclusão contrasta com a afirmação do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os bombardeios de sábado atingiram o coração do programa de armas químicas de Assad, uma linguagem que deu a entender que a capacidade do regime para realizar novos ataques havia sofrido um golpe devastador.
EUA, França e Reino Unido destruíram três alvos ligados ao programa de armas sírio. O mais importante deles foi o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Barzah, que a inteligência norte-americana concluiu estar envolvido na produção e teste de tecnologia de guerra química e biológica.
Mas os funcionários dos EUA, que falaram sob condição de anonimato, disseram que a inteligência disponível indicou que se acredita que o estoque sírio de armas químicas está espalhado muito além dos três alvos. Informações de inteligência dos EUA e de aliados indicam que parte dele está armazenado em escolas e edifícios de apartamento de civis, o que uma das autoridades qualificou como "escudos humanos".
Falando ao Congresso um dia antes dos ataques, o secretário de Defesa norte-americano, Jim Mattis, reconheceu que uma de suas prioridades ao elaborar a operação seria minimizar a perda de vida de civis.
Indagado sobre a asserção de que os bombardeios só tiveram um efeito limitado, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca respondeu que o propósito da operação militar foi punir o governo sírio, reduzir sua capacidade e impedi-lo de realizar novos ataques químicos -- "tudo isso minimizando as baixas civis".
Um porta-voz do Pentágono mencionou à Reuters o alerta feito por Mattis a Assad e suas forças para que "não perpetrem outro ataque com armas químicas pelo qual serão responsabilizados".
A Síria e sua aliada Rússia negam ter usado gás venenoso durante sua ofensiva do dia 7 de abril em Douma, que selou a retomada da cidade que era o último bastião rebelde próximo da capital Damasco. O suposto ataque químico desencadeou a reação dos EUA.
A avaliação também indicou que o programa de armas químicas sírio, embora rudimentar, "é no geral tão bom quanto precisa ser para os propósitos de Assad", segundo outro funcionário dos EUA.