Apesar de “ponta solta”, EUA dizem que cessar-fogo na Faixa de Gaza começará como planejado

Publicado 16.01.2025, 20:20
© Reuters. Apoiadores e familiares de reféns protestam antes de um cessar-fogo entre Israel e Hamas, em Tel Avivn16/01/2025nREUTERS/Shir Torem

Por Andrew Mills e Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell

DOHA/CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - O cessar-fogo na Faixa de Gaza entrará em vigor no domingo, como planejado, apesar da necessidade de negociadores amarrarem uma “ponta solta” na última hora, afirmou nesta quinta-feira o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

Com divisões aparentes entre ministros, Israel atrasou reuniões do gabinete para ratificar o cessar-fogo com o Hamas, e publicações na mídia informaram que a votação poderia ocorrer na sexta-feira ou até no sábado, embora se espere a aprovação do acordo.

Israel culpou o Hamas pela demora, enquanto ataques aéreos israelenses castigavam o enclave em um dos mais intensos ataques em meses. Autoridades palestinas afirmaram que 86 pessoas morreram desde que a trégua foi revelada

O representante sênior do Hamas Izzat el-Reshiq afirmou que o grupo permanece comprometido com o acordo de cessar-fogo, que está programado para entrar em vigor a partir de domingo, pondo fim a 15 meses de derramamento de sangue.

“Não é muito surpreendente que isso ocorra em um processo de negociação que foi tão desafiador e carregado. Você pode ter uma ponta solta”, afirmou Blinken em coletiva de imprensa em Washington. “Estamos tentando amarrar essa ponta solta enquanto conversamos.”

Uma autoridade norte-americana que não quis se identificar afirmou que as partes estão avançando para retirar os recentes obstáculos. “Vamos estar bem”, disse ela à Reuters.

Ela já revelara que a única pendência era sobre a identidade de alguns prisioneiros que o Hamas queria ver soltos. Enviados do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e do presidente eleito, Donald Trump, estiveram em Doha com mediadores egípcios e cataris para resolver os impasses, disse a autoridade.

Na Faixa de Gaza, a alegria pela trégua deu lugar ao luto e à raiva pela intensificação dos bombardeios mesmo após o anúncio.

“Essa é a trégua de que estamos falando? O que esta garota, esta criança, fez para merecer isso? O que ela fez para merecer isso? Ela está lutando contra você, Israel?”, perguntou com a voz embargada Tamer Abu Shaaban, próximo ao corpo de sua sobrinha, envolto a uma mortalha branca. Ela foi atingida nas costas por estilhaços de mísseis enquanto brincava no pátio da escola onde a família estava abrigada, contou o tio.

O acordo de cessar-fogo foi definido na quarta-feira, após a mediação de Catar, Egito e EUA para o fim da guerra iniciada com ataques mortais do Hamas contra Israel. A resposta israelense matou dezenas de milhares de palestinos e devastou a Faixa de Gaza.

O acordo prevê um cessar-fogo inicial de seis semanas com a retirada gradual das forças israelenses da Faixa de Gaza. Os reféns tomados pelo grupo militante Hamas, que controla o enclave, seriam libertados em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.

O acordo também abre caminho para um aumento na ajuda humanitária para Gaza, onde a maioria da população foi deslocada e está enfrentando escassez aguda de alimentos, doenças e o frio.

Filas de caminhões de ajuda estavam alinhados na cidade fronteiriça egípcia de El-Arish, esperando para atravessar para Gaza, assim que a fronteira for reaberta.

A aceitação do acordo por parte de Israel não será oficial até que seja aprovada pelo gabinete de segurança e pelo governo do país. A votação estava prevista para quinta-feira, mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atrasou o encontro, acusando o Hamas de fazer exigências de última hora.

"O gabinete israelense não se reunirá até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo", informou um comunicado do gabinete de Netanyahu.

Meios de comunicação israelenses informaram que o gabinete deveria votar o acordo na sexta-feira ou no sábado, mas o gabinete do primeiro-ministro se recusou a comentar sobre prazos.

© Reuters. Apoiadores e familiares de reféns protestam antes de um cessar-fogo entre Israel e Hamas, em Tel Aviv
16/01/2025
REUTERS/Shir Torem

Integrantes linha-dura do governo Netanyahu ainda esperavam impedir o acordo, embora a maioria dos ministros deva apoiá-lo.

Em Jerusalém, alguns israelenses marcharam pelas ruas carregando caixões simulados em protesto contra o cessar-fogo, bloqueando vias e entrando em conflito com a polícia. Outros impediram a passagem de carros, até serem dispersados pelas forças de segurança.

(Reportagem de Andrew Mills em Doha, Nidal al-Mughrabi no Cairo, Maayan Lubell em Jerusalém, Jana Choukeir, Clauda Tanios e Nayera Abdallah em Dubai; reportagem adicional de James Mackenzie e Emily Rose, Howard Goller, Ramadan Abed, Steve Holland e Alexander Cornwell)

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