Por Andrew Osborn
(Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira que apoia uma ordem do Ministério da Defesa para que grupos mercenários que lutam na Ucrânia assinem contratos antes do dia 1º de julho, algo que o importante Grupo Wagner se recusou a fazer.
Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo e mercenário mais poderoso da Rússia, disse que não assinará um contrato, citando o que considera ser a incapacidade do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, alguém que Prigozhin difamou repetidamente, para administrar grupos como o seu.
Mas Putin deixou claro na terça-feira que deseja ver todas as chamadas empresas militares privadas se inscreverem e que também deseja que a lei seja alterada para legalizar suas atividades.
"Esta é a única maneira de conseguir garantias sociais (para combatentes mercenários), porque não há (atualmente) nenhum contrato com o Estado e nenhum contrato com o Ministério da Defesa", disse Putin a um grupo de correspondentes de guerra.
"Isso tem que ser feito e tem que ser feito o mais rapidamente possível", disse Putin.
O novo sistema de contrato integraria muito mais o Grupo Wagner e Prigozhin, considerado um dissidente imprudente mas eficaz por alguns funcionários do governo, na estrutura de comando do Ministério da Defesa em uma posição subordinada.
Isso tornaria mais difícil para Prigozhin construir sua própria influência política e militar, algo que ele passou meses fazendo enquanto recebia equipamento militar e munição do Exército.
A intervenção de Putin do lado do Ministério da Defesa potencialmente coloca Prigozhin em uma posição difícil, já que o ministério disse que tais contratos são necessários para dar a grupos voluntários o "status legal necessário" para operar.
Prigozhin disse mais cedo na terça-feira que não tinha certeza se seus homens continuariam a lutar na Ucrânia em meio ao amargo impasse com o Ministério da Defesa, com o qual ele tem discordado há muito tempo sobre tudo, segundo ele, desde liderança e táticas ruins até escassez de munição.
O ministério não respondeu a um pedido de comentário sobre a recusa de Prigozhin em assinar o documento, nem comentou publicamente suas críticas contundentes ao seu desempenho.
Os combatentes do grupo mostraram que estão entre os mais eficazes da Rússia na Ucrânia, apesar de sofrerem enormes perdas. Qualquer tentativa da organização para se desligar da guerra -- algo que Moscou chama de "uma operação militar especial" -- pode ser vista como traição pelas autoridades em Moscou.
O Ministério da Defesa classificou os contratos, que pretende ver assinados até 1º de julho, como um passo para uma maior integração destinada a aumentar o potencial de combate e a eficácia desses grupos dentro do exército regular. Além disso, falou em “abordagens unificadas” para as tarefas militares.
O canal de TV Zvezda, do Ministério da Defesa, transmitiu na terça-feira uma reportagem dizendo que três brigadas voluntárias não identificadas e quatro unidades voluntárias assinaram contratos com o ministério.
(Reportagem de Andrew Osborn e repórteres da Reuters)