Por Eduardo Simões
BELO HORIZONTE (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, prometeu ser o presidente da união nacional caso seja eleito neste domingo, na mais acirrada eleição desde 1989, após votar em Belo Horizonte em meio a um grande tumulto gerado por sua chegada à seção eleitoral.
"Minha primeira grande tarefa, se eleito for, será unificar o país", disse o tucano em entrevista coletiva após votar em uma escola estadual de Belo Horizonte.
"Me vejo pronto para ser o presidente de todos, o presidente da união nacional", acrescentou Aécio, afirmando ter "melhores condições" que Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, de unir o país.
Vestindo azul e muito sorridente, Aécio entrou em sua seção eleitoral na escola estadual Milton Campos, no bairro de Lourdes, por volta das 10h30 em meio a um grande tumulto e empurra-empurra. Uma das janelas da sala em que o tucano votou foi quebrada no meio da confusão e uma mulher sofreu um leve corte no supercílio.
O tucano foi saudado por fogos de artifício e gritos de "Brasil para frente, Aécio presidente!". Ele cumprimentou os mesários e em poucos segundos votou. Em seguida, posou para fotos ao lado da mulher, Letícia, fazendo com as mãos o número de seu partido, 45, e o sinal da vitória.
"Estou tranquilo, confiante.... fiz a minha parte" disse rapidamente o candidato tucano a jornalistas ao deixar o local de votação.
O tucano deixou o colégio estadual sob um coro de "já ganhou" de alguns eleitores. Mas ao entrar no carro que o levaria embora, pelo menos um ovo foi lançado e acabou atingindo eleitores que também votam no local.
As últimas pesquisas Datafolha e Ibope não apontaram um favoristimo claro na disputa entre Dilma e Aécio, ainda que a presidente tenha uma vantagem de 4 e 6 pontos percentuais, respectivamente.
Questionado por jornalistas, Aécio voltou a lembrar que os institutos de pesquisas erraram no primeiro turno, quando por boa parte da campanha ele aparecia em uma distante terceira posição.
"Elas (pesquisas) falharam muito", disse o tucano. "É preciso que elas se requalifiquem", acrescentou, afirmando, no entanto, que isso é assunto para depois das eleições.
O tucano também voltou a criticar a campanha da presidente, classificando-a como "a mais sórdida campanha já feita no país" e disse que, por outro lado, os brasileiros foram às ruas nesta campanha para dizer que "não aceita mais que um partido seja dono de seu destino".
Aécio foi indagado sobre a internação do doleiro Alberto Youssef, que está em um processo de delação premiada sobre as denúncias de desvio de recursos na Petrobras.
Youssef foi internado no sábado, um dia após a revista Veja publicar matéria citando um suposto depoimento dele à Polícia Federal em que afirmaria que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saberiam do suposto esquema de desvio de recursos da estatal.
"Vamos aguardar. Temos que esperar que tenha sido algo natural. Não podemos especular sobre isso", disse Aécio, acrescentando ter recebido informações de que o estado de saúde do doleiro é bom.
"Espero que continue bem para que diga aos brasileiros até o fim o que sabe."
(Reportagem adicional de Camila Moreira em São Paulo)