DUBAI/DOHA (Reuters) - A Arábia Saudita abrirá uma passagem de fronteira para os cataris que farão a peregrinação muçulmana anual do haj e fornecerá um avião para os peregrinos, apesar de uma desavença que levou Riad e outros países da região a cortar laços de transportes com o Catar.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito suspenderam essas ligações com o Catar em junho e impuseram sanções, acusando o vizinho de apoiar militantes islâmicos e o Irã, o que Doha nega.
A estatal de notícias SPA disse que a passagem de fronteira de Salwa será aberta aos cataris para o haj, que neste ano ocorre entre o final de agosto e o início de setembro.
A Arábia Saudita havia dito que os peregrinos cataris não seriam afetados pelas restrições de viagem, mas alguns deles relataram dificuldades para organizar a jornada.
Os peregrinos cataris podem atravessar a passagem sem as autorizações que normalmente é necessário obter de antemão para o haj, disse a SPA.
O rei saudita ordenou o envio de um avião da Saudi Airlines para transportar os peregrinos cataris a Jidá por sua conta, segundo a SPA. Estes também poderão passar por dois aeroportos do reino, noticiou a agência.
O Catar acusa a Arábia Saudita de politizar a peregrinação e se queixou ao relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre liberdade religiosa no mês passado.
Não ficou claro o quanto a abertura da passagem de fronteira aos peregrinos ajudará a resolver a crise, a pior entre países do Golfo Pérsico aliados dos Estados Unidos em anos. A mídia catari não divulgou de imediato a reportagem saudita.
O porta-voz do governo catari não tinha nenhum comentário para fazer de imediato, mas disse que o xeique catari Abdullah bin Ali bin Abdullah bin Jassim al-Thani, que conversou com o príncipe da coroa saudita Mohammed Bin Salman antes de o anúncio ser feito, não ocupa nenhum cargo no governo de seu país.
Um organismo de direitos humanos catari semioficial saudou contidamente a medida saudita.
"Este é um passo para remover os obstáculos e as dificuldades que (os cataris) enfrentaram durante os procedimentos do haj neste ano", disse o Comitê Nacional de Direitos Humanos em um comunicado.
Alguns cataris disseram que, mesmo com autorizações para entrar na Arábia Saudita, temerão por sua segurança.
"Acho que é muito arriscado ir a Meca este ano, pode haver crimes de ódio contra cataris", disse Fatima al-Mohannadi, estudante do Catar.
(Por Ali Abdelaty, no Cairo, e Tom Finn, em Doha)