Por Nvard Hovhannisyan e Nailia Bagirova
YEREVAN/BAKU (Reuters) - Armênia e Azerbaijão acusaram um ao outro de violar os termos de um cessar-fogo em Nagorno-Karabakh no sábado, levantando questões sobre o quão significativa é a trégua negociada pela Rússia.
O cessar-fogo, firmado após uma maratona de negociações em Moscou com apoio do presidente russo, Vladimir Putin, tem como objetivo interromper os combates para permitir que as forças étnicas armênias em Nagorno-Karabakh e as forças azeris troquem prisioneiros e mortos na guerra.
As negociações em Moscou foram o primeiro contato diplomático entre os dois países desde que começaram os combates pelo enclave montanhoso, em 27 de setembro, que mataram centenas de pessoas.
O enclave é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas é povoado e governado por armênios étnicos.
Poucos minutos depois que a trégua entrou em vigor, a partir do meio-dia, os dois lados se acusaram de quebrá-la.
O Ministério da Defesa da Armênia acusou o Azerbaijão de bombardear um assentamento dentro da Armênia, enquanto as forças de etnia armênia em Karabakh alegaram que as forças azeris lançaram uma nova ofensiva cinco minutos após a trégua ter se estabelecido.
O Azerbaijão disse que as forças inimigas em Karabakh estavam bombardeando o território azeri. Ambos os lados negaram consistentemente as afirmações do outro no que também se tornou uma guerra de palavras que acompanha o combate.
O presidente azeri, Ilham Aliyev, afirmou ao canal de notícias russo RBC que as partes em conflito estavam agora empenhadas em tentar encontrar um acordo político, mas sugeriu que haveria mais combates pela frente.
"Iremos até o fim e conseguiremos o que nos pertence por direito", disse ele.
O ministro das Relações Exteriores azeri, Jeyhun Bayramov, declarou que a trégua duraria apenas o tempo que a Cruz Vermelha levasse para providenciar a troca dos mortos.
O Ministério das Relações Exteriores da Armênia disse que estava usando todos os canais diplomáticos para tentar apoiar a trégua, enquanto o Ministério das Relações Exteriores de Nagorno-Karabakh acusou o Azerbaijão de usar as negociações de cessar-fogo como cobertura para uma ação militar.
(Reportagem adicional de Maria Tsvetkova em Moscou, Margarita Antidze em Tbilisi, Ezgi Erkoyun na Turquia e John Irish em Paris)