Por Daria Sito-Sucic
KONJIC, Bósnia (Reuters) - Um grupo de artistas bósnios planeja transformar um antigo abrigo antinuclear, outrora o segredo mais bem-guardado da Iugoslávia socialista, num vasto museu dedicado à Guerra Fria.
Verdadeiro labirinto de túneis, câmaras escuras e pesadas portas de aço, o bunker construído pelo líder iugoslavo Josip Broz Tito abriga exposições de arte desde 2011, mas agora os artistas têm em mente algo novo.
"Queremos fazer um Museu da Guerra Fria, um museu híbrido que será militar e artístico", disse Edo Hozic, que vem liderando os esforços para abrir o local ao público. "Uma vez dentro, iremos viajar no tempo."
Construído 280 metros abaixo do solo num espaço de 604 metros quadrados, o abrigo é quase invisível para os passantes nos arredores da cidade de Konjic, no sul da Bósnia, a 40 quilômetros de Sarajevo.
Tito, que conduziu a ex-Iugoslávia do fim da Guerra Fria até sua morte, em 1980, explorou o conflito para equilibrar o país entre o Ocidente e o Oriente e forjou alianças em todo o mundo.
A existência do bunker veio a público quando a Iugoslávia foi fragmentada pela guerra dos anos 1990 e ele se tornou uma propriedade militar da Bósnia independente. Desde então, foi entregue a uma fábrica de munições de Konjic, que quer usá-lo para duas instalações de armazenagem, embora o abrigo em si seja um patrimônio da herança nacional.
Na semana passada, Hozic inaugurou a Terceira Bienal de Arte Contemporânea no bunker, com trabalhos de 25 artistas que este ano se concentram em estilos de vida alternativos durante a Guerra Fria, como manifestações antiguerra e os movimentos ambientalista e feminista.