Por Dan Peleschuk e Thomas Peter
LUTSK, Ucrânia (Reuters) - Quando Stanislav Hulenkov se inscreveu na guarda de fronteira da Ucrânia em 2021, ele buscava um emprego estável na tranquila fronteira noroeste para poder continuar sua carreira como astro em ascensão do judô.
Dois anos depois, o jovem de 22 anos desapareceu em um campo de batalha marcado por artilharia no outro lado do país. Os restos mortais de Hulenkov foram identificados 10 meses depois, tornando-o um de centenas de atletas ucranianos mortos na invasão em grande escala da Rússia.
Antes dos Jogos Olímpicos, que começam em Paris esta semana, a Ucrânia está de luto por atletas como Hulenkov, cuja promessa esportiva foi interrompida pela guerra, que agora entra no 30º mês.
"Ele era o tipo de criança que sempre tinha planos", disse sua mãe, Iryna Hulenkova, falando do lado de fora da academia onde seu filho treinava quando criança, na pitoresca cidade de Lutsk, no oeste do país. "Ele sabia o que aconteceria amanhã e depois de amanhã."
Pelo menos 488 atletas e treinadores ucranianos foram mortos desde o início de 2022, cerca de duas dezenas dos quais eram campeões europeus ou mundiais em suas modalidades, de acordo com o porta-voz do Ministério do Esporte, Serhiy Bykov.
O halterofilista Oleksandr Pielieshenko, que terminou em quarto lugar em sua categoria de peso nos Jogos de 2016, tornou-se a mais recente vítima esportiva de destaque quando foi morto no leste da Ucrânia em 5 de maio, aos 30 anos.
O bicampeão europeu havia se alistado nas Forças Armadas nos primeiros meses da invasão de Moscou - sua segunda experiência direta de guerra depois de ter fugido da região oriental de Luhansk em 2014, após a Rússia ter provocado uma insurgência separatista na região.
Apesar das ameaças de boicotar os Jogos, Kiev está enviando 140 atletas e 95 técnicos, uma delegação menor do que em tempos de paz.
Em seu país, eles treinaram em meio a ataques aéreos russos regulares que têm devastado a infraestrutura vital e mergulhado cidades em toda a Ucrânia na escuridão.
Os atletas da Rússia e de Belarus, país que permitiu que Moscou usasse seu território para lançar a invasão em fevereiro de 2022, estão participando dos Jogos apenas como neutros, impedidos de cantar hinos ou exibir bandeiras e emblemas.
Em maio, as autoridades esportivas ucranianas divulgaram recomendações para seus atletas sobre como evitar o contato com competidores dos dois países vizinhos.