Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - Um "asteroide alienígena" que circula o Sol no caminho orbital de Júpiter, mas que se move na direção oposta, é o primeiro residente permanente conhecido de nosso Sistema Solar, e que segundo conclusão de astrônomos pode ter se originado em outro sistema estelar.
Pesquisadores disseram nesta segunda-feira que uma análise atenta da órbita do asteroide indica que ele foi formado em outro lugar e capturado por forças gravitacionais quando nosso sistema solar se formou de uma nuvem de gás e poeira há cerca de 4,5 bilhões de anos.
“Este é um forte candidato a objeto mais velho no Sistema Solar”, disse o astrônomo Fathi Namouni, do Observatório de Côte d’Azur, na França.
O asteroide, chamado (514107) 2015 BZ509, ou “BZ”, mede quase 3 quilômetros de largura e sua composição é desconhecida. O BZ na direção oposta de todos os planetas e de quase todo o resto do sistema solar, fazendo o que é chamado de órbita retrógrada.
O primeiro intruso interestelar conhecido, um objeto em formato de charuto chamado de ‘Oumuamua e visto no ano passado atravessando o sistema solar, se diferencia do BZ.
“Se o sistema solar tivesse um serviço consular e pudesse emitir vistos para chegada de asteroides, então o ‘Oumuamua teve somente um visto de curta duração, enquanto o BZ recebeu um visto de residência”, disse Namouni.
O BZ, observado através de telescópios de base terrestre no Havaí e no Arizona, aparentemente entrou em espaço interestelar quando o sistema solar onde foi formado interagiu com outros sistemas em um compactado aglomerado de estrelas.
"O sistema solar se formou em um aglomerado de estrelas onde cada estrela possui seus próprios planetas e asteroides. A proximidade dos sistemas estelares, auxiliado por interações gravitacionais, ajudou a remover e capturar asteroides”, disse Namouni.
"O movimento do asteroide é sincronizado com o de Júpiter. Eles completam uma órbita em torno do sol no mesmo período de tempo enquanto se movem em direções opostas”, disse a astrônoma Helena Morais, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O BZ pode ser pertinente em discussões sobre as origens da vida na Terra.
“Esta descoberta nos conta que o Sistema Solar provavelmente pode ser lar de mais asteroides extra-solares e cometas capturados mais cedo em sua história. Alguns destes objetos podem ter colidido com a Terra no passado, possivelmente carregando água, biomoléculas ou até mesmo matéria orgânica”, acrescentou Morais.
Os pesquisadores disseram que algumas dúzias de outros objetos de sistemas solares com órbitas retrógradas estão sendo investigadas como possíveis “asteroides alienígenas”.
A pesquisa foi publicada no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters.