Por Ulf Laessing
CAIRO (Reuters) - Um ataque de militantes islâmicos a um campo de petróleo na Líbia, onde decapitaram seguranças e sequestraram funcionários estrangeiros, enfatizou as dificuldades das conversas de paz patrocinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), que deveriam ser retomadas nesta semana.
Os líbios se acostumaram com o caos, já que seu país está dividido entre dois governos rivais, cada um deles aliado a grupos fortemente armados que vêm disputando o poder da nação produtora de petróleo desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011.
Mas o ataque da semana passada ao campo de petróleo de Al-Ghani, na região central da Líbia, simboliza uma nova etapa. Os agressores não tomaram o local para fazer exigências financeiras ou políticas, como é o costume de grupos armados.
Ao invés disso, eles realizaram uma demonstração de força que parece ter relação com os alertas de que os islâmicos estão determinados a explorar o tumulto na Líbia para ampliar sua influência.
"Eles vieram incendiar as instalações e sequestrar ou matar os funcionários e seguranças", disse Ali al-Hassi, porta-voz da força de segurança de um campo de petróleo. "Depois foram embora".
Os militantes ainda não comentaram o ataque, mas as autoridades culparam o Estado Islâmico, que no passado já se vangloriou de sua capacidade de matar soldados e civis na Líbia.
Na semana passada, o enviado especial da ONU para a Líbia, Bernardino Leon, disse que os combatentes do Estado Islâmico "não irão se deter diante de nada" para fortalecer sua presença no país.
A violência ilustra o desafio enfrentado pela ONU, que tem conduzido reuniões entre o governo reconhecido internacionalmente e o grupo Amanhecer Líbio, que tomou a capital Trípoli em agosto e criou um gabinete rival.
A ONU, que busca criar um governo de união nacional, planejava retomar as conversas na quarta-feira, mas no final da terça-feira o parlamento eleito pediu um adiamento de uma semana para estudar uma proposta para formar um governo nacional.