Por Ahmed e Kingimi e Ope Adetayo
MAIDUGURI/ABUJA (Reuters) - Um ataque aéreo em um vilarejo no Estado de Zamfara, no noroeste da Nigéria, matou pelo menos 33 pessoas na semana passada, segundo quatro moradores e um líder tradicional, depois de uma operação militar que visava combater gangues de sequestradores armados e seus esconderijos.
O incidente, ocorrido em 10 de abril, é o mais recente em um padrão de ataques aéreos mortais dos militares que têm matado civis e foram objeto de uma reportagem especial da Reuters no ano passado.
Os militares disseram na quinta-feira que os ataques aéreos haviam eliminado gangues armadas, em vários locais de Zamfara, incluindo a área do governo local de Maradun.
Mas Lawali Ango, o chefe tradicional do vilarejo Dogon Daji em Maradun, disse à Reuters que não havia bandidos em sua área de Zamfara, de maioria muçulmana.
Ango afirmou que estava fora de seu vilarejo em 10 de abril, preparando-se para as orações do Eid, que marcam o fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã, quando viu uma aeronave passando. Isso foi seguido por fortes explosões.
Quando tentou entrar em contato com seu vilarejo, as ligações não foram atendidas e ele e um grupo de homens correram de volta para casa em motos.
"Ao chegar ao local, vi crianças, homens e mulheres (...) mortos e presos dentro das construções desmoronadas que foram atingidas por uma bomba", disse Ango por telefone, acrescentando que 33 pessoas haviam sido mortas.
"Eles (os militares) estão dizendo que os bandidos fugiram e procuraram esconderijos em nosso vilarejo. Juro que não há nada parecido com isso, posso ir a qualquer lugar e confirmar isso para o mundo."
O porta-voz do Quartel-General da Defesa da Nigéria, major general Edward Buba, negou que civis tenham sido mortos ou alvejados e disse que os ataques aéreos foram realizados somente após cuidadosa inteligência e vigilância.
"Desta forma, os ataques foram realizados contra terroristas e não civis", disse Buba em uma mensagem de texto. Ele não informou o número de mortos.
(Reportagem de Ahmed Kingimi em Maiduguri e Ope Adetayo em Abuja)