Por Philip Blenkinsop e Charlotte Steenackers
BRUXELAS (Reuters) - Uma bomba colocada dentro de uma mala com pregos e latas de gás poderia ter provocado muitas vítimas, disse o primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, nesta quarta-feira, um dia depois de um soldado matar a tiros um cidadão marroquino que tentou cometer um ataque na Estação Central de Bruxelas.
"Evitamos um ataque que poderia ter sido muito pior", disse Michel a repórteres depois de uma reunião do Conselho de Segurança Nacional realizada após o incidente da noite de terça-feira, que não deixou nenhum ferido.
Nenhuma outra ameaça foi vista como iminente, e o nível de alerta público não foi alterado.
Um procurador de combate ao terrorismo identificou o morto somente pelas iniciais, O. Z. Ele era um cidadão marroquino de 36 anos que vivia no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, e não era suspeito de laços com militantes. Ele detonou a bomba no saguão subterrâneo da movimentada estação às 20h44 (horário local).
Andando em direção a um grupo de passageiros, "ele agarrou a mala enquanto gritava e causou uma explosão parcial. Felizmente, ninguém se feriu", disse o procurador, Eric Van Der Sypt.
A mala, que mais tarde se descobriu conter pregos e recipientes de gás, pegou fogo e explodiu com mais violência uma segunda vez enquanto o homem corria escada abaixo rumo às plataformas.
Depois ele correu de volta ao saguão, onde passageiros se juntavam, e em seguida na direção de um soldado gritando "Allahu akbar" -- Deus é o maior, em árabe. O soldado, parte de uma patrulha de rotina, o baleou várias vezes. Especialistas em bomba verificaram o corpo e descobriram que ele não portava mais explosivos.
A polícia fez uma busca na casa do agressor de terça para quarta-feira, disse Van Der Sypt, e a emissora VTM disse que a corporação encontrou materiais para a fabricação de bombas.
Molenbeek ganhou fama depois que uma célula do Estado Islâmico localizada ali preparou ataques suicidas em Paris em novembro de 2015 que mataram 130 pessoas.
A prefeita de Molenbeek, Françoise Schepmans, disse aos repórteres que o homem, que a emissora pública VRT identificou como Oussama Zariouh, tinha ficha na polícia devido a um caso do ano passado relacionado a drogas e que era divorciado.
(Reportagem adicional de Clement Rossignol, Francesco Guarascio, Jan Strupczewski, Elizabeth Miles e Alastair Macdonald, em Bruxelas, e Samia Errazzouki, em Rabat)