Por Daniel Bases e Joshua Schneyer
NOVA YORK (Reuters) - O Comitê Olímpico dos Estados Unidos disse a federações esportivas de seu país que atletas e funcionários temerosos do Zika vírus deveriam cogitar não ir à Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 em agosto.
A mensagem foi comunicada durante uma teleconferência com autoridades do Comitê Olímpico norte-americano ((USOC, na sigla em inglês) e lideranças de federações de esporte no final de janeiro, de acordo com duas pessoas que participaram da conversa.
As federações foram informadas que ninguém deve ir ao Brasil "se não estiver disposto a isso. Ponto final", declarou Donald Anthony, presidente e líder do conselho da equipe norte-americana de esgrima.
O informe do comitê norte-americano às entidades esportivas é o sinal mais recente de que as autoridades olímpicas estão levando a sério a ameaça que o Zika representa para os Jogos do Rio e reconhecendo que pelo menos uma parte dos atletas e das equipes de apoio pode hesitar em comparecer ao evento.
Os EUA conquistaram a maioria das medalhas na Olimpíada de Londres de 2012, por isso qualquer desfalque em suas equipes faria diferença nos Jogos do Rio.
Autoridades de saúde internacionais suspeitam que o Zika vírus, que é transmitido por mosquito, tenha causado um aumento nos casos de microcefalia –uma má-formação craniana– no Brasil. Como resultado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Zika uma emergência de saúde pública mundial no dia 1º de fevereiro, e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) está aconselhando gestantes e mulheres que pretendem engravidar a evitar viagens a locais com surtos de Zika.
Alan Ashley, chefe de desempenho esportivo do USOC, e outras autoridades da entidade informaram a dirigentes das federações, mas o primeiro não respondeu aos e-mails e ligações pedindo comentários.
Mark Jones, porta-voz do USOC, confirmou por e-mail que
Ashley "informou os dirigentes das federações sobre as recomendações do CDC". "E faremos com que os atletas e as autoridades ligados à delegação dos EUA continuem a receber toda e qualquer atualização do CDC", disse.
O Comitê Olímpico dos EUA não emitiu nenhum conjunto de recomendações a esportistas e funcionários além daqueles comunicadas pelo CDC e pela OMS. Jones não quis fazer mais comentários.
Durante a teleconferência, o USOC não mostrou temer que um grande número de atletas evite o Rio ou de que o Zika prejudique os Jogos, afirmaram as duas lideranças das federações.
Em vez disso, as autoridades expressaram a confiança de que o risco será minimizado por meio da cooperação estreita entre as agências de saúde, dos controles de erradicação dos mosquitos e do fato de a Olimpíada ocorrer durante o inverno brasileiro, quando as doenças transmitidas por insetos são menos frequentes.
As autoridades do comitê dos EUA presentes à conversa afirmaram que a organização irá aderir às recomendações das agências de saúde, incluindo as do CDC, declararam os líderes federativos.
Will Connell, diretor de esporte da equipe norte-americana de hipismo, afirmou que o USOC está deixando a decisão a cargo de cada esportista e funcionário.
"À medida que nos aproximarmos da Olimpíada, a orientação pode ser atualizada", disse Connell.
Em uma carta de 29 de janeiro do Comitê Olímpico Internacional (COI) aos comitês olímpicos nacionais, os principais médicos do COI declararam estar monitorando a situação atentamente. Foram transmitidas orientações sobre como evitar o mosquito, mas mostraram confiança de que os Jogos irão adiante tal como planejado.
Connell e Anthony disseram que a mensagem do USOC se concentrou principalmente nos riscos em potencial para as gestantes ou aquelas que cogitam engravidar.
As autoridades olímpicas "estão adotando a abordagem certa de um ponto de vista do tipo 'sejamos cautelosos, não façam nada que vá colocar ninguém, nossos funcionários ou nossos atletas, em perigo'", declarou Anthony.
Segundo ele, nenhum membro da equipe de esgrima o abordou a respeito do Zika.
"Acho que nossos atletas estão cientes", opinou. "Mas ainda não se tornou um tema crítico da missão. Ainda não."