Por Rodrigo Campos e Jonathan Allen
NOVA YORK (Reuters) - Uma autoridade sênior norte-coreana fez uma rara visita aos Estados Unidos nesta quarta-feira para conversas sobre uma possível cúpula entre os líderes dos dois países, mas as partes pareciam estar distantes na questão central das armas nucleares de Pyongyang.
Kim Yong Chol, um assessor próximo do líder norte-coreano, Kim Jong Un, e vice-presidente do governista Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, desembarcou no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, em um voo que saiu de Pequim. Ele foi visto mais tarde entrando em um hotel no centro de Manhattan.
Kim Yong Chol deve se encontrar com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, na quarta-feira e na quinta-feira para discutir se pode acontecer um encontro sem precedentes entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim.
A cúpula, originalmente marcada para o dia 12 de junho em Cingapura, foi posta em dúvida conforme os dois países – que tecnicamente estão em guerra desde a década de 1950 – testam os limites diplomáticos um do outro.
Trump cancelou na semana passada a cúpula após a Coreia do Norte expressar irritação por comentários de autoridades seniores norte-americanas. Mas Trump disse mais tarde que está reconsiderando sua posição e que autoridades dos EUA, da Coreia do Norte e da Coreia do Sul seguiram em frente com preparativos para a cúpula de qualquer maneira.
A Casa Branca informou nesta quarta-feira que negociações na zona desmilitarizada ao longo da fronteira entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte para a cúpula estão indo bem e que espera que o encontro histórico aconteça em 12 de junho.
Separadamente nesta quarta-feira em Pearl Harbor, no Havaí, o almirante Harry Harris, chefe do Comando do Pacífico dos EUA que é a escolha de Trump para ser embaixador na Coreia do Sul, disse que a Coreia do Norte permanece sendo a ameaça mais iminente aos EUA.
“E uma Coreia do Norte com capacidade nuclear e com mísseis que podem alcançar os Estados Unidos é inaceitável”, disse Harris.
Uma autoridade dos EUA afirmou que negociações sobre a agenda da cúpula até o momento estão sendo lentas e que duas questões fundamentais, a definição da desnuclearização da Coreia do Norte e se ambos lados irão tomar ações no mesmo momento ou separadamente, permanecem incertas.
“DESNUCLEARIZAÇÃO”
Trump prometeu que não irá permitir que a Coreia do Norte desenvolva mísseis nucleares capazes de atingir os Estados Unidos e quer que a Coreia do Norte se “desnuclearize”, ou se livre de suas armas nucleares.
Mas acredita-se que a liderança em Pyongyang considera armas nucleares cruciais para sua sobrevivência e rejeitou desarmamento unilateral.
A autoridade norte-americana disse que a posição dos EUA permanece que a Coreia do Norte deve concordar em desnuclearização completa, verificável e irreversível antes que possa receber qualquer assistência financeira, como o abrandamento de algumas sanções econômicas, novos auxílios, ou novos investimentos, e que o grau de assistência irá depender do ritmo e extensão das ações de Pyongyang.
A posição da Coreia do Norte de ir para os encontros com Pompeo em Nova York, no entanto, é de que uma promessa sozinha de desnuclearização deveria abrir o caminho para alívio econômico, disse a autoridade, que é familiar às conversas e falou em condição de anonimato.
O ministro da Unificação de Seul, Cho Myoung-gyon, disse, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, em discurso nesta quarta-feira que as diferenças entre a Coreia do Norte e os EUA na questão de desnuclearização permanecem “muito significativas” e que não será fácil estreitar a lacuna.
No entanto, Cho acrescentou que o engajamento dos líderes dos dois países significa que “chances são altas de que terreno comum pode ser encontrado”.
Kim Yong Chol é a autoridade norte-coreana mais alta a se encontrar com autoridades seniores para conversas nos Estados Unidos desde que Jo Myong Rok, um vice-marechal, se encontrou com o então presidente Bill Clinton na Casa Branca em 2000.
(Reportagem de Rodrigo Campos e Jonathan Allen, em Nova York; Reportagem adicional de David Brunnstrom e Matt Spetalnick, em Washington)