WASHINGTON (Reuters) - Autoridades israelenses concordaram nesta segunda-feira em levar em consideração as preocupações dos EUA sobre uma ofensiva planejada em Rafah, segundo um comunicado conjunto publicado após uma reunião virtual com autoridades norte-americanas sobre maneiras alternativas para eliminar militantes do Hamas no sul de Gaza.
A reunião de duas horas e meia, liderada por autoridades de primeiro escalão de EUA e Israel, terminou com um plano para dar continuidade às conversas pessoalmente já na próxima semana, de acordo com o comunicado.
Não houve sinal, em um primeiro momento, de que os negociadores de EUA e Israel chegaram a qualquer acordo sobre o caminho a ser tomado em Rafah.
O presidente Joe Biden pediu que Israel não conduza uma ofensiva em grande escala em Rafah para evitar mais mortes de civis palestinos em Gaza. Autoridades de saúde palestinas dizem que mais de 32.000 pessoas já foram mortas em ataques israelenses.
Autoridades norte-americanas, preocupadas com o agravamento da crise humanitária em Gaza, pediram que Israel adotasse uma abordagem mais direcionada contra os militantes do Hamas, sem lançar uma grande ofensiva por terra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu que não será dissuadido de uma ofensiva em Rafah, em sua tentativa de eliminar militantes do Hamas responsáveis pelo ataque de 7 de outubro no sul de Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas, de acordo com a contagem israelense.
Segundo o comunicado conjunto, os dois lados tiveram uma conversa construtiva sobre Rafah e concordaram que compartilham o objetivo de ver o Hamas derrotado naquele local.
“O lado norte-americano expressou suas preocupações com vários planos de ação em Rafah. O lado israelense concordou em levar em consideração essas preocupações e de realizar mais conversas sobre o assunto entre especialistas”, disse o comunicado.
Uma autoridade dos EUA afirmou que o lado norte-americano, liderado pelo conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, seu principal vice, Jon Finer, e o enviado ao Oriente Médio, Brett McGurk, expuseram propostas alternativas que, segundo eles, protegeria os civis em Rafah.
Caberá a Israel decidir o que fazer, disse a autoridade.
Uma autoridade israelense em Washington afirmou que os participantes israelenses incluíram o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o conselheiro de segurança nacional, Tzachi Hanegbi. Eles são os mesmos confidentes de Netanyahu que participariam de uma reunião em Washington na semana passada, cancelada pelo primeiro-ministro israelense.
Os israelenses informaram seus correspondentes norte-americanos sobre os planos para uma ofensiva terrestre que destruiria os últimos batalhões do Hamas que, segundo eles, pode ser realizada de uma maneira que minimize baixas civis, afirmou outra fonte com conhecimento das discussões.
Não ficou claro se os dois lados reduziram as diferenças, acrescentou a fonte.
Netanyahu abortou a visita planejada a Washington na semana passada após os EUA permitirem a aprovação de uma resolução de cessar-fogo em Gaza na ONU em 25 de março, o que marcou um novo ponto baixo nas relações com Biden nos seis meses de guerra.
Dois dias depois, Israel pediu que a Casa Branca remarcasse a reunião de alto escalão sobre planos militares para Rafah, disseram autoridades, em uma aparente tentativa de aliviar as tensões entre os dois aliados.
Os EUA estão tentando negociar um acordo pela libertação de reféns doentes, idosos e feridos tomados pelo Hamas em Israel em troca de um cessar-fogo de seis semanas. Biden está sob pressão, em um ano eleitoral, em seu país e no exterior para negociar um cessar-fogo imediato.
O governo Biden está avaliando se aprovará um pacote de 18 bilhões de dólares de transferências de armas para Israel que envolveria dúzias de aviões F-15 e munição, disseram três fontes com conhecimento do assunto nesta segunda-feira.
(Reportagem de Steve Holland e Doina Chiacu; reportagem adicional de Matt Spetalnick)