Por Steve Holland e Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, tem sido mal assessorado por seus conselheiros sobre como a guerra na Ucrânia está indo mal e como as sanções ocidentais têm sido prejudiciais à economia russa, disseram autoridades dos EUA e da Europa nesta quarta-feira.
A invasão russa na Ucrânia no dia 24 de fevereiro foi suspensa na maioria das frentes por uma dura resistência das forças ucranianas, que reconquistaram terreno, mesmo enquanto civis estão aprisionados em cidades sitiadas.
"Acreditamos que Putin está sendo mal informado por seus assessores sobre o mau desempenho dos militares russos e como a economia russa está sendo prejudicada pelas sanções, porque seus assessores sêniores têm medo de lhe dizer a verdade", disse uma autoridade dos EUA, sob condição de anonimato.
"Putin não sabia sequer que suas Forças Armadas estavam usando e perdendo recrutas na Ucrânia, o que mostra uma clara quebra no fluxo de informações precisas até o presidente russo", afirmou a fonte.
A autoridade não ofereceu o relatório de Inteligência, mas disse que a informação já foi tornada pública.
O Kremlin não fez comentários imediatos após o final do dia de trabalho em Moscou, e a embaixada russa em Washington não respondeu imediatamente a um pedido por comentários.
A decisão de Washington de compartilhar sua inteligência publicamente reflete uma estratégia que tem sido adotada desde antes do início da guerra. Nesse caso, isso pode complicar os cálculos de Putin, afirmou uma segunda autoridade norte-americana, que acrescentou: "Isso é potencialmente útil. Isso pode semear a dissensão nas fileiras do Exército russo? Pode ser que Putin reavalie em quem ele pode confiar".
Um diplomata europeu sênior disse que a avaliação dos EUA está alinhada com o pensamento europeu. "Putin achava que as coisas seriam melhores do que foram. Esse é o problema de se cercar de pessoas que só dizem "sim", ou só se sentar com elas no fim de uma mesa muito comprida", disse o diplomata.
Recrutas russos foram informados que participariam de exercícios militares, mas tiveram de assinar um documento antes da invasão, que estendeu seus deveres, afirmaram dois diplomatas europeus.
"Eles foram enganados, mal treinados e então chegaram para encontrar senhoras ucranianas, que pareciam suas avós, gritando para que eles voltassem para casa", acrescentou um dos diplomatas.
(Reportagem de Steve Holland e Andrea Shalal)