Por Brad Heath e Michael Martina
DETROIT (Reuters) - Jocelyn Benson, a principal autoridade eleitoral do Estado norte-americano de Michigan, havia acabado de pendurar seus enfeites de Natal com o filho pequeno na noite de domingo quando uma multidão que exigia que o resultado da eleição presidencial de novembro seja revertido se reuniu diante de sua casa para rotulá-la de "traidora" e "criminosa".
Os manifestantes, alguns armados e portando cartazes com as palavras "Parem o Roubo", se amontoaram na calçada diante da residência de Benson em Detroit à vista de seguranças e policiais, como mostrou um vídeo transmitido ao vivo por um dos participantes no Facebook.
"Por meio de ameaças de violência, intimidação e assédio, as pessoas armadas diante de minha casa e seus aliados políticos tentam minar e silenciar a vontade e as vozes de cada eleitor deste Estado", disse Benson, a secretária de Estado do Michigan, em um comunicado emitido no domingo.
A manifestação foi a mais recente do que autoridades eleitorais de todo o país descrevem como uma onda de intimidação, assédio e ameaças explícitas no tenso período posterior à eleição de 3 de novembro, que o presidente republicano, Donald Trump, perdeu para o democrata Joe Biden.
Trump fez alegações infundadas de fraude eleitoral generalizada e está tentando sem sucesso anular a vitória de Biden. Ele contesta o resultado em tribunais de vários Estados e ao mesmo tempo pressiona autoridades estaduais, parlamentares e governadores a descartarem os resultados e simplesmente declará-lo vencedor.
Até agora, as cortes rejeitaram tais pedidos.
Nas últimas semanas, apoiadores de Trump montaram tocaias perto de escritórios de autoridades eleitorais da Geórgia, realizaram protestos com armas no Arizona e deixaram mensagens de telefone ameaçadoras para autoridades eleitorais de toda a nação, criando um tumulto político inédito na história norte-americana recente.
A procuradora-geral do Michigan, Dana Nessel, disse que as alegações infundadas de fraude e as ameaças subsequentes contra autoridades eleitorais são "muito danosas para nossa democracia. Espero que não seja o fim de nossa democracia".
As ameaças não têm se limitado a locais onde a disputa eleitoral foi acirrada. No Vermont, onde nenhum candidato presidencial republicano vence desde 1988, as autoridades eleitorais disseram ter recebido uma mensagem de voz ameaçando-as de "execução de um pelotão de fuzilamento".
Trump e seus aliados políticos criticaram até mesmo líderes e autoridades eleitorais republicanos da Geórgia e do Arizona por certificarem Biden como vencedor em seus Estados.
(Por Brad Heath em Washington e Michael Martina em Detroit)