Por Erin Banco e Nidal al-Mughrabi
WASHINGTON/CAIRO (Reuters) - Um acordo para interromper a guerra de 14 meses em Gaza e libertar os reféns mantidos no enclave palestino pode ser assinado nos próximos dias, à medida em que progridem as negociações no Cairo, disseram fontes informadas sobre a reunião nesta terça-feira.
O governo dos EUA, ao lado de mediadores de Egito e Catar, tem se esforçado intensamente nos últimos dias para avançar nas negociações antes de o presidente norte-americano, Joe Biden, deixar o cargo no próximo mês.
"Acreditamos -- e os israelenses disseram isso -- que estamos nos aproximando e, sem dúvida, acreditamos nisso, mas também somos cautelosos em nosso otimismo", afirmou o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, em uma entrevista à Fox News.
"Já estivemos nessa posição antes, na qual não fomos capazes de passar pela linha de chegada."
As fontes disseram que um acordo de cessar-fogo pode estar a poucos dias de distância, o que interromperia os combates e devolveria os reféns mantidos pelo movimento islâmico Hamas em Gaza em troca de prisioneiros palestinos mantidos em prisões israelenses.
O Hamas disse em um comunicado que um acordo seria possível se Israel parasse de estabelecer novas condições. Uma autoridade palestina próxima aos esforços de mediação afirmou que as negociações eram sérias, com discussões em andamento sobre cada palavra.
Fontes informadas sobre a reunião disseram que Netanyahu estava a caminho do Cairo, mas uma declaração do gabinete de Netanyahu disse que ele teve uma reunião nesta terça-feira com militares seniores e autoridades de segurança no Monte Hermon, planalto estratégico dentro da Síria.
Separadamente, o porta-voz do primeiro-ministro israelense enviou uma mensagem a correspondentes israelenses dizendo: "O primeiro-ministro não está no Cairo".
Duas fontes de segurança egípcias afirmaram que Netanyahu não estava no Cairo "neste momento", mas que uma reunião estava em andamento para resolver os pontos restantes. O principal deles diz respeito à exigência do Hamas por garantias de que qualquer acordo imediato leve a um mais abrangente posteriormente.
As fontes egípcias disseram que estavam fazendo progressos e sentiram que a noite de terça-feira poderia ser decisiva para definir os próximos passos.
Netanyahu havia sido dispensado nesta terça-feira de prestar um depoimento previamente agendado em seu julgamento por corrupção. Ele se reuniu em Israel na última segunda-feira com Adam Boehler, designado pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para ser seu enviado especial para assuntos de reféns.
Em uma entrevista coletiva na Flórida, na segunda-feira, Trump reiterou sua ameaça de que "haverá um inferno" se o Hamas não libertar seus reféns até 20 de janeiro, dia em que tomará posse.
Mais tarde, Trump afirmou que, se nenhum acordo de cessar-fogo for firmado até o momento de sua posse, "não será agradável". Ele não entrou em detalhes.
Autoridades norte-americanas e israelenses expressaram um crescente otimismo de que as negociações intermediadas pelo Egito e pelo Catar possam produzir um acordo até o final do mês, mas também advertiram que elas podem fracassar.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Maayan Lubell, Humeyra Pamuk, Emily Rose, Ahmed Mohamed Hassan)