Por Maria Caspani e Idrees Ali
(Reuters) - Um integrante da Força Aérea Saudita que visitou os Estados Unidos para treinamento militar é o suspeito de um tiroteio que deixou quatro mortos e feriu oito em uma base da Marinha dos EUA na Flórida nesta sexta-feira, segundo o governador do Estado e outras autoridades.
O atirador foi morto por policiais que responderam ao incidente na Estação Aérea Naval de Pensacola, disseram a Marinha e o escritório do xerife local, sobre o segundo disparo mortal de tiros em uma instalação militar dos EUA nesta semana.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que o suspeito era um cidadão saudita participando de treinamento na base como parte de um antigo programa da Marinha aberto a aliados dos EUA. O motivo da violência estava sob investigação.
"Obviamente, haverá muitas questões sobre esse indivíduo ser estrangeiro, fazer parte da Força Aérea Saudita e depois estar aqui treinando em nosso solo", disse DeSantis em entrevista coletiva. "O governo da Arábia Saudita precisa fazer o melhor para essas vítimas. Eles vão ter uma dívida aqui, já que esse era um dos seus indivíduos."
O presidente dos EUA, Donald Trump, revelou que o rei Salman, da Arábia Saudita, o telefonou para oferecer condolências e compaixão às vítimas.
"O rei disse que o povo saudita está muito irritado com as ações bárbaras do atirador, e que essa pessoa de forma alguma representa os sentimentos do povo saudita que ama o povo americano", escreveu Trump no Twitter.
Em um comunicado, o rei Salman condenou o tiroteio como um "crime hediondo" e disse que os serviços de segurança sauditas estavam trabalhando com agências dos EUA para tentar descobrir os motivos.
O suspeito usou uma arma no incidente, que se desenrolou em dois andares em um prédio com salas de aula em uma base cuja função principal é o treinamento.
"Andar pela cena do crime era como estar no set de um filme", disse o xerife David Morgan.
O suspeito é o segundo tenente Mohammed Saeed Alshamrani, de acordo com duas autoridades norte-americanas familiarizadas com o caso que falaram sob condição de anonimato.
Uma pessoa familiarizada com o programa de treinamento disse que oficiais da Força Aérea Saudita selecionados para treinamento militar nos Estados Unidos são intensamente examinados pelos dois países.
O pessoal saudita é "escolhido a dedo" por seus militares e geralmente vêm de famílias de elite, afirmou a fonte, sob condição de anonimato, porque não tinha permissão para falar com um repórter.
A embaixada da Arábia Saudita em Washington não respondeu a perguntas.
Dois policiais ficaram feridos, um com tiro no braço e outro no joelho, mas ambos não corriam risco de morrer, disseram autoridades na entrevista coletiva.
Oito pessoas foram levadas ao Hospital Batista para tratamento, disse a porta-voz do hospital, Kathy Bowers.
Representantes do xerife disseram que uma das três vítimas fatais morreu após ser levada ao hospital.
Na quarta-feira, um marinheiro atirou em três civis na histórica base militar de Pearl Harbor, no Havaí, matando dois deles antes de tirar a própria vida.
A base de Pensacola, perto da fronteira da Flórida com o Alabama, é um importante local de treinamento para a Marinha e o lar de seu esquadrão de demonstração de voo acrobático, o Blue Angels. A base emprega mais de 16.000 militares e 7.400 funcionários civis, de acordo com seu site.
(Reportagem de Jonathan Allen e Maria Caspani em Nova York, e Idrees Ali, Jonathan Landay e Mark Hosenball em Washington)