RIO DE JANEIRO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse nesta sexta-feira que na próxima semana deve anunciar até mais dois nomes que vão compor seu ministério, caso seja eleito em 26 de outubro.
O tucano não adiantou nomes nem as áreas que eles atuariam, mas afirmou que são do gabarito do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que será o ministro da Fazenda de um eventual governo do PSDB.
"No correr da próxima semana podemos ter alguma novidade que sinalizará no mesmo patamar, no nível de governo que representa a presença de Armínio Fraga", disse ele a jornalistas em um hotel da zona sul do Rio de Janeiro.
Aécio afirmou que, se eleito, ajudará a criar um ambiente econômico positivo, capaz de atrair investimentos, diferentemente do que aconteceu na eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, quando o dólar teve um repique e a inflação subiu.
"Esse ambiente positivo e de serenidade, confiança no futuro, nos permitirá logo de início uma redução da taxa de juros de longo prazo", afirmou o tucano.
"O Brasil não pode continuar terceirizando responsabilidades... não justifica estarmos ao lado da Venezuela e agora da Argentina na lanterna do crescimento na nossa região nesses últimos anos."
Ainda na linha econômica, que deve dominar o debate no segundo turno, Aécio reiterou seu compromisso, caso seja eleito, com a revisão do fator previdenciário, correção da tabela do imposto de renda pela inflação e valorização real do salário mínimo, além de prometer a construção de 6 mil creches pelo país.
O tucano aproveitou também para falar sobre a viagem que fará a Pernambuco no sábado para receber o apoio do PSB local e do grupo político do ex-presidenciável do PSB Eduardo Campos, morto em agosto.
Questionado sobre um eventual apoio da ex-candidata do PSB Marina Silva, que assumiu a candidatura após a morte de Campos, Aécio disse que a ex-ministra tomará a decisão "no tempo certo" e que será respeitada.
"Vejo isso com enorme naturalidade e percebo que há convergência crescente entre companheiros nossos, da Marina e do PSB", declarou ele "Me considero capaz de levar Brasil a fora os projetos de Eduardo Campos."
O tucano apareceu pela primeira vez na frente de Dilma nas pesquisas de opinião, embora ainda haja um empate técnico entre os dois candidatos, mas preferiu manter os pés no chão com o resultado das sondagens e aproveitou para criticar os erros cometidos pelos institutos no primeiro turno da disputa.
"Eu trato as pesquisas com absoluta serenidade. Não me considerei fora do jogo (quando as pesquisas o colocavam em um distante terceiro lugar no primeiro turno)... estou longe de me considerar como eleito por estar alguns pontos a frente", disse.
"Acho que alguns institutos devem algumas explicações aos brasileiros. A margem de erro que vimos não só na eleição presidencial, mas nas estaduais, foge a qualquer lógica."
PETROBRAS
Mais uma vez, as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras estiveram no centro das críticas de Aécio Neves ao governo Dilma.
O tucano aproveitou para rebater a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, que se declarou estarrecida com a divulgação em meio ao processo eleitoral do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no qual ele detalha um suposto esquema de corrupção na estatal.
Aécio afirmou estar "estarrecido" com o depoimento em si e não com a sua divulgação.
"A presidente declarou que considera estarrecedor o vazamento dos depoimentos. Eu considero estarrecedor o teor desses vazamentos", disse Aécio. Pouco depois, a Justiça Federal do Paraná divulgou nota afirmando que não houve vazamento e que os depoimentos do processo eram públicos, já que não correm sob segredo de Justiça.
"Assaltaram a maior empresa brasileira nas barbas desse governo", atacou Aécio. "Se eleito, vamos aprofundar essas investigações, no limite do que seja necessário, para que os responsáveis sejam processados e os culpados punidos."
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)