(Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, ironizou nesta terça-feira o resultado da pesquisa do instituto Datafolha, que o coloca numericamente atrás da petista Dilma Rousseff e afirmou que, pelo que ocorreu no primeiro turno, o levantamento mostra que está eleito.
Aécio, que costuma usar pesquisas que o colocam à frente na disputa em sua propaganda e em seu site oficial, afirmou ainda que os institutos de pesquisas devem explicações aos brasileiros e disse que os levantamentos internos feitos pela sua campanha lhe dão grande vantagem sobre Dilma.
"Pelo o que vimos nas pesquisas no primeiro turno, essa pesquisa do Datafolha está me dando como eleito como próximo presidente da República", ironizou o tucano.
O levantamento do Datafolha, divulgado na segunda-feira, apontou Dilma com 52 por cento dos votos válidos, contra 48 por cento de Aécio. Na pesquisa anterior, o tucano tinha 51 por cento, contra 49 por cento da presidente.
"Todas as pesquisas que estamos fazendo, nós estamos com uma margem enorme do que essa sobre a candidata", acrescentou Aécio durante evento de campanha em Campos Grande (MS).
"Eu acho que, na verdade, os institutos de pesquisa estão devendo explicações aos brasileiros. Desde o primeiro turno os erros foram grosseiros, absolutamente grosseiros, em toda a parte. Mas se o resultado é esse comparativamente ao primeiro turno, o resultado da Folha me coloca como o próximo presidente da República."
Durante boa parte do primeiro turno da disputa presidencial, as pesquisas mostravam Aécio em uma distante terceira colocação, atrás de Dilma e da ex-candidata do PSB Marina Silva.
Na última semana, as sondagens mostraram diminuição da vantagem de Marina sobre Aécio, que chegou a ser de 20 pontos, mas só na véspera do primeiro turno o próprio Datafolha mostrou o tucano à frente da candidata do PSB, embora dentro da margem de erro. No apuração final dos votos, Aécio teve 33,6 por cento dos votos válidos, enquanto Marina somou só 21,3 por cento.
O tucano foi perguntado por jornalistas sobre informações de que lideranças do PSDB, partido que ele também preside, foram citadas como destinatárias de recursos desviados da Petrobras e defendeu que todos sejam investigados, independente de filiação partidária.
MERCOSUL
Aécio também voltou a defender mudanças no tratado do Mercosul para permitir ao Brasil realizar acordos comerciais bilaterais.
"Nós devemos manter as boas relações que temos com os nossos vizinhos, mas nós não podemos permitir, como aconteceu ao longo desses últimos dois anos, por exemplo, que a posição da Venezuela e da Argentina impedisse o Brasil de avançar em acordos com outras regiões do mundo que seriam benéficos pra nós", disse Aécio.
"A política externa é hoje um negócio. Política externa tem que visar o quê? Ampliação de mercados para produtos brasileiros, renda e empregos. Isso não vem acontecendo. O viés ideológico é que tem prevalecido", criticou.
(Por Eduardo Simões)