Por Khalid Abdelaziz
CARTUM (Reuters) - O presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, prolongou o seu mandato de um quarto de século no poder com uma arrasadora vitória eleitoral, de acordo com resultados anunciados nesta segunda-feira, e rejeitou as alegações de que os eleitores não tiveram escolhas reais.
O líder de 71 anos do país africano produtor de petróleo enfrenta uma oposição dividida e diminuída que na maior parte boicotou a votação realizada no início deste mês.
Bashir obteve 94,05 por cento dos votos na eleição presidencial, e seu Partido do Congresso Nacional (NCP) ganhou 323 dos 426 assentos parlamentares, disse o presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Mukhtar al-Asim, em entrevista coletiva em Cartum.
Mukhtar afirmou que o comparecimento foi de 46,4 por cento, acima das estimativas de 30 a 35 por cento dos monitores da União Africana.
"Os eleitores não se importaram em votar ou prestar atenção porque não veem isso como uma eleição real", disse Abdelwahab El-Affendi, especialista em Sudão na Universidade de Westminster, em Londres. "Mesmo para os partidários do governo, não valia a pena usar seu tempo para ir a uma seção de votação, porque eles sabiam quem ganharia."
Os críticos de Bashir queixam-se de uma repressão aos meios de comunicação, à sociedade civil e aos grupos de oposição política, e a União Europeia acusou o Sudão de não realizar um verdadeiro diálogo nacional para aliviar seus conflitos, ou de criar um "ambiente favorável" para as eleições.
Em seu discurso de vitória horas após a divulgação dos resultados, Bashir defendeu a eleição.
"Com estas eleições, o povo sudanês deu ao mundo uma lição de ética, deu ao mundo uma lição de integridade", disse a simpatizantes.
"Nós não aceitamos a supervisão ou os ditames de outros... O Sudão é um país livre e não aceitamos as ordens dos outros."
(Reportagem adicional de Shadi Bushra e Ahmed Tolba)