Por Nidal al-Mughrabi e James Mackenzie
CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Soldados israelenses enfrentavam militantes em toda a Faixa de Gaza nesta quarta-feira, inclusive na cidade de Rafah, ao sul, que era um refúgio para civis, em um recrudescimento da guerra de mais de sete meses que já matou dezenas de milhares de palestinos.
O antagonismo entre Israel e as Nações Unidas piorou quando o Exército israelense buscou uma explicação para imagens que mostravam homens armados perto de veículos da agência de ajuda humanitária palestina da ONU. Separadamente, a ONU disse que estava investigando um ataque não identificado que matou um funcionário internacional em Gaza no início da semana.
Nos últimos dias, o Exército do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem se deslocado para o leste de Rafah em busca do que, segundo ele, são quatro batalhões do Hamas, apesar das advertências de seu aliado, os Estados Unidos, e de outros países, para que se contenha para evitar vítimas civis em massa.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, Israel matou 35.000 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, com 82 mortos na terça-feira, o maior número de mortos em um único dia em semanas.
Homens armados liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em seu ataque inicial, segundo os registros israelenses, e ainda mantêm 128 reféns dos 252 que capturaram em seu ataque transfronteiriço.
No campo de refugiados de Jabalia, no norte, os moradores disseram que tanques israelenses destruíram grupos de casas, mas estavam enfrentando forte resistência. "Eles estão bombardeando casas em cima de seus habitantes. Sabemos que muitas famílias estão presas dentro de suas casas", disse Abu Jehad.
A Jihad Islâmica, aliada do Hamas, afirmou ter matado alguns soldados a pé em Jabalia, enquanto os militares israelenses afirmaram ter eliminado "um grande número de terroristas" no campo.
ISRAEL X ONU
Israel disse que suas tropas identificaram combatentes no complexo logístico central da agência de assistência palestina da ONU, UNRWA, a leste de Rafah, exigindo uma explicação. A Reuters verificou a localização das imagens divulgadas pelo Exército israelense, mas não pôde verificar quando foram filmadas ou a identidade dos homens.
"A ONU tornou-se, em parte, uma entidade terrorista, porque coopera com o Hamas e o acoberta", disse o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, à Rádio do Exército.
A UNRWA negou as alegações de cooperação com o Hamas.
A agência disse que estava examinando as imagens e que compartilharia informações quando possível. O oficial sênior do Hamas Sami Abu Zuhri afirmou à Reuters que os homens estavam lá para proteger a distribuição de ajuda.
"Essas são alegações falsas e mentiras. Essa é uma força policial encarregada de proteger os centros de ajuda contra atos de roubo e saque", disse Abu Zuhri à Reuters.
Separadamente, a ONU afirmou que estava investigando um ataque não identificado a um carro em Rafah no início da semana, que matou seu primeiro membro da equipe internacional desde 7 de outubro, um oficial reformado do Exército indiano que estava a caminho do Hospital Europeu.
Os militares israelenses disseram que uma investigação inicial concluiu que o veículo, cuja rota desconhecia, foi atingido em uma zona de combate ativo e que o incidente estava sob análise.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi no Cairo, Clauda Tanios em Dubai, James Mackenzie, Henriette Chacar e Ari Rabinovitch em Jerusalém)