RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Beija-Flor de Nilópolis foi eleita nesta quarta-feira a campeã do Carnaval de 2018 do Rio de Janeiro com um enredo que mostrou casos de corrupção como os investigados pela operação Lava Jato e que destacou problemas nacionais como a violência e as crises na saúde e na educação.
Em um Carnaval que misturou política e samba como há muito tempo não se via no Rio, o vice-campeonato ficou com a agremiação Paraíso do Tuiuti, que criticou as manifestações a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e reformas realizadas pelo governo do presidente Michel Temer -- que foi representado pela escola como um vampiro.
"Acabamos com a hipocrisia na Sapucaí. Falamos a realidade", disse o compositor da Tuiuti Aníbal Lamas a repórteres após a apuração das notas dos jurados.
Os temas e enredos políticos praticamente não estiveram presentes na passarela do samba carioca nos últimos anos, mas em 2018 vieram com força e houve até críticas da tradicional Mangueira ao prefeito da cidade, Marcelo Crivella, que reduziu o apoio financeiro às escolas.
"Foi uma vitória histórica. A Sapucaí é a voz do povo. Mostramos o lado B do Brasil e fizemos história", disse o cantor Neguinho da Beija-Flor, intérprete da escola campeão de 2018, que tradicionalmente é ligada a contraventores do jogo do bicho.
Com o título deste ano, a Beija-Flor acumula agora 14 campeonatos do Carnaval do Rio.
(Por Rodrigo Viga Gaier)